Entre 2019 e 2022, houve uma média de 691 novos registros de armas por dia para os chamados CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores). Isso levanta a questão: O que exatamente está sendo caçado no Brasil? Vale ressaltar que foram 904.858 registros feitos durante esse período, com 47% deles ocorrendo em 2022, ano de disputa eleitoral. Os números foram obtidos a partir de dados fornecidos pelo Exército, com base da Lei de Acesso à Informação.
O presidente em questão parece ter alimentado essa mentalidade belicosa em suas ações e declarações. Em uma reunião ministerial de abril de 2020, o presidente falou fervorosamente a respeito das suas visões convidativas à polarização e à violência. Reforçando a ideia de que quer armar a população, destacou que não aceita oposição às suas bandeiras: “família, Deus, Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado”.
É evidente que a retórica do presidente e suas ações buscam alimentar uma imagem de conspiração e luta contra adversários, sejam eles opositores políticos ou as próprias instituições do Estado. Esse discurso de vitimização e ação reativa contra supostos conspiradores contribuíram para a polarização e desestabilização da sociedade, inclusive das Forças Armadas.
Por isso, não é surpreendente que o presidente e seus apoiadores sejam tão hostis em relação ao Inquérito 4.781, o das “fake news”, instaurado de ofício por Dias Toffoli em março de 2019. Esse inquérito tem como objetivo investigar a disseminação de informações falsas e é visto como uma ameaça por aqueles que têm alimentado a polarização e querem enfraquecer as instituições democráticas.
Em resumo, o que vemos é um discurso e atitudes que promovem a beligerância e o autoritarismo, e que têm enfraquecido a democracia e instituições brasileiras. As ações do presidente e seus aliados têm sido uma fonte de divisão e desestabilização, alimentando confrontos e disseminando um perigoso discurso de ódio.