Analisando a situação geográfica dos municípios brasileiros, é possível perceber que, em média, os distritos possuem 840km², enquanto os municípios têm em média 1.528km². Se fossem todos iguais e quadrados, cada um teria 39km de lado, o que tornaria a tarefa de percorrer seus perímetros a pé uma verdadeira maratona reservada apenas para atletas. Essa realidade aponta para um distanciamento dos dirigentes locais em relação ao território e às necessidades dos habitantes, o que pode comprometer a eficiência da gestão municipal.
Comparando o Brasil com outros países, como a França, Portugal, Estados Unidos e Inglaterra, é possível observar que nesses lugares os governantes locais têm um profundo conhecimento do território que administram. Eles sabem cada detalhe, desde buracos nas ruas até novas construções, o que permite uma gestão mais eficiente e transparente. No entanto, no Brasil, a realidade é diferente, com a maioria dos cidadãos desconhecendo seus dirigentes locais e suas ações.
Além disso, a falta de influência dos cidadãos sobre as decisões das câmaras municipais, somada às inovações legislativas pouco democráticas implementadas durante a pandemia, contribuem para a sensação de distanciamento e falta de representatividade política. Os brasileiros se veem, muitas vezes, como cidadãos sem o direito básico de estabelecer regras para o bem das comunidades, o que denota uma deficiência democrática alarmante.
Diante desse cenário, surge a urgência de repensar a divisão geográfica do país e a estrutura das assembleias eleitas, buscando formas mais eficientes e democráticas de governança local. A revisão dos poderes, remunerações e fiscalizações dos dirigentes municipais se torna cada vez mais evidente, visando promover uma maior participação cidadã e garantir uma gestão mais transparente e eficaz em todos os níveis de governo. É necessário debater e agir para que a democracia brasileira seja fortalecida e os cidadãos tenham voz ativa na definição do futuro de suas comunidades.