Brasil fica de fora da lista de estrangeiros autorizados a sair de Gaza, aumentando a angústia de brasileiros aguardando repatriação

O Brasil ficou de fora da quarta leva de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade autorizados a deixar a Faixa de Gaza, o que aumentou a angústia das 34 pessoas que se inscreveram para serem repatriadas pelo Itamaraty.

Segundo o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, a capital da Cisjordânia, o embaixador Alessandro Candeas está frustrado e rezando para que o drama tenha um desfecho logo, já que a situação já se arrasta por quase um mês.

Na madrugada de sábado (4), a lista divulgada pelo governo do Egito, que receberá os refugiados pelo posto de fronteira de Rafah, incluía novamente os EUA, com 386 pessoas, e Reino Unido, com 112, em destaque. Também foram autorizados a sair 51 franceses e 50 alemães.

De acordo com o Itamaraty, o chanceler Mauro Vieira ouviu do seu par israelense Eli Cohen, na sexta (3), que o grupo brasileiro poderá deixar a região até a quarta-feira (8).

Desde o dia 7 de outubro, a Faixa de Gaza tem sido bombardeada diariamente por Israel como retaliação ao ataque do Hamas, grupo terrorista palestino que comanda a região desde 2007. A partir disso, Candeas e outros diplomatas coordenam uma operação para registrar brasileiros e palestinos em processo de imigração e levá-los para longe do perigo.

No entanto, a tarefa tem sido difícil. Primeiro, a escola em Gaza que estava sendo usada como abrigo registrou ataques próximos. Depois, Israel determinou que a cidade e toda a região ao norte fossem desocupadas por civis, o que gerou um êxodo em massa e confuso.

Atualmente, 18 pessoas do grupo de 34 conseguiram se estabelecer em duas casas alugadas pelo Itamaraty em Rafah, enquanto outras 16 estão esperando em quatro apartamentos de Khan Yunis, a 10 km dali. Os bombardeios na região continuam acontecendo diariamente.

A coordenação da saída dessas pessoas é complexa porque precisam da autorização do Egito, que controla o portão em Rafah, de Israel, que teme que terroristas do Hamas se infiltrem nos grupos, e dos mediadores EUA e Qatar, que estão em contato com o grupo palestino. Além disso, Israel precisa suspender os ataques à área de passagem de refugiados, o que ainda não ocorreu.

Várias teorias conspiratórias surgiram sobre a demora para alguns grupos saírem de Gaza, mas a realidade é que o processo é extremamente complicado. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a declarar em suas redes sociais que Israel estava discriminando os brasileiros em Gaza.

Enquanto isso, a Indonésia, que nem sequer possui relações com Israel, já conseguiu enviar várias pessoas para fora de Gaza. Os EUA, devido ao seu peso e grande contingente na região, têm conseguido repatriar mais pessoas do que qualquer outro país.

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