Tudo mudou em 2007, quando a Apple lançou o iPhone, tirando o sex appeal dos celulares BlackBerry. O filme busca contornar essa situação com fórmulas da comédia pastelão e personagens caricatos. A mistura de “The Office” e “Freaks and Geeks” com o filme “A Grande Aposta” tem arrancado risadas do público e feito sucesso em festivais de cinema, como a Berlinale e o Festival do Rio.
No filme, o protagonista é Mike Lazaridis, o criador do BlackBerry, interpretado por Jay Baruchel. Lazaridis é retratado como um nerd estereotipado, obcecado por detalhes e com dificuldades de interação social. Ele é acompanhado pelo executivo Jim Balsillie, vivido por Glenn Howerton, que entra na empresa como “co-CEO” e coloca ordem na startup, levando a venda de 500 mil aparelhos BlackBerry para a AT&T e a valorização multibilionária da empresa.
No entanto, nem tudo são flores para a BlackBerry. O filme mostra que a empresa enfrentou problemas como práticas anticoncorrenciais de grandes empresas americanas e falta de financiamento. Além disso, Lazaridis vai abrindo mão de seus ideais ao longo do caminho, como sua busca obstinada pela perfeição. A empresa também recorre a trambiques com ações para atrair talentos ao Canadá, o que gera uma investigação por parte da comissão de valores mobiliários canadense.
O filme retrata de forma bem-humorada e ácida o universo corporativo das startups da época, com elementos como insegurança, altos salários que mudam comportamentos e a figura do “adulto na sala”. Com um orçamento limitado de US$ 5 milhões, o filme busca cativar o público através da agilidade das câmeras e dos diálogos, contando uma das histórias mais interessantes recentes do Canadá.
Em resumo, “BlackBerry” é um filme que utiliza o clichê da ascensão e queda de um personagem para retratar a história da empresa canadense Research In Motion e seus desafios no mercado de telefonia móvel. Com elementos de comédia pastelão e personagens caricatos, o filme traz uma visão bem-humorada e ácida do universo corporativo das startups, utilizando um orçamento limitado para contar uma história interessante e cativante.