Tamimi, um defensor do islã democrático e moderado, critica a forma como o Hamas tem apresentado informações falsas ou deturpadas em sua carta de princípios. No entanto, ele acredita que o conflito atual fará com que a popularidade do Hamas cresça ainda mais na Palestina, no mundo árabe e entre os muçulmanos em geral. Ele compara o Hamas ao Congresso Nacional Africano durante o apartheid na África do Sul, afirmando que o grupo está trazendo a causa palestina de volta à tona.
Tamimi observa que o partido político no poder na Autoridade Palestina, o Fatah, não tem mais credibilidade e que o Hamas é o único grupo político legítimo. Ele critica o Acordo de Oslo de 1993, que ele acredita ter ampliado a opressão colonial nos territórios palestinos.
Apesar de suas críticas ao Hamas, Tamimi acredita que os ataques contra Israel são vistos como heroicos e audaciosos por muitos palestinos. Ele defende uma nova carta de princípios para o Hamas, que distinga entre judeus e sionistas e evite teorias de conspiração antissemitas.
Tamimi relata as origens do Hamas, que surgiu em 1987 durante a primeira Intifada. À medida que as autoridades israelenses respondiam com violência às manifestações palestinas, os militantes do Hamas começaram a retaliar. Os ataques suicidas começaram em 1994, após o assassinato de fiéis palestinos por um colono judeu.
O estudioso islâmico não acredita que a entrada do Líbano ou da Síria no conflito seja iminente, mas argumenta que a reconfiguração do mundo árabe pode ser inevitável no médio e longo prazo. Ele acredita que a situação atual irá inspirar uma luta por liberdade e dignidade em todo o mundo árabe.
Quanto ao papel do Brasil no conflito, Tamimi sugere que o país se junte a outros regimes da região, como a Turquia e o Catar, para ajudar a melhorar a situação dos palestinos.
Tamimi encerra a entrevista com uma mensagem de que a resistência palestina renascerá enquanto a ocupação continuar, independentemente do quão severas sejam as medidas tomadas contra o Hamas. Ele acredita que, no final das contas, a causa palestina prevalecerá.