A descoberta feita em 2014 pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) revelou que o aroma do café ativa uma região específica do cérebro responsável pelo sistema de recompensas, incluindo o núcleo acumbens, associado a substâncias psicoativas como a cocaína. A pesquisadora do IDOR, Silvia Oigman, explicou que o sistema de recompensas pode ser ativado por diversas atividades prazerosas, e a fragrância do café mostrou-se capaz de ativar essa região de forma intensa.
Com base nessa descoberta, os pesquisadores decidiram utilizar o aroma do café para ajudar fumantes a reduzir o desejo de consumir tabaco. Um ensaio clínico realizado em 2016 com 16 fumantes serviu de base para um estudo mais amplo, que foi realizado em 2022 com 60 participantes. Os resultados desse estudo mostraram que metade dos fumantes expostos à fragrância do café não voltou a fumar depois da intervenção, enquanto no grupo que não foi exposto à fragrância, a taxa de recaída foi maior.
Apesar de não apresentar diferença estatística significativa, os resultados indicam o potencial dessa abordagem como uma alternativa terapêutica no combate ao tabagismo. Os pesquisadores estão agora desenvolvendo uma formulação terapêutica à base de voláteis de café, que será adaptada em um dispositivo eletrônico para um novo ensaio clínico com um número maior de fumantes.
A expectativa é que essa nova fase do projeto seja realizada antes de 2026. A abordagem multidisciplinar, conduzida por especialistas brasileiros em diversas áreas, visa oferecer uma nova perspectiva no tratamento do tabagismo, um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Os resultados obtidos até o momento levaram o grupo de pesquisa a obter patentes em diversos países, indicando o potencial impacto positivo dessa abordagem inovadora.