Segundo dados do instituto de pesquisa Pew, os eleitores da democrata Kamala Harris acreditam em grande maioria que o legado da escravidão prejudica a população negra do país, enquanto apenas uma minoria dos seguidores de Donald Trump concorda com essa afirmação. Divergências semelhantes são encontradas em relação à identificação de gênero e ao direito ao porte de armas, com democratas e republicanos mantendo opiniões discrepantes.
O professor de ciência política Matthew Grossmann, da Universidade Estadual de Michigan, destaca que essa divisão está enraizada no sistema político bipartidário dos Estados Unidos, onde os eleitores são obrigados a escolher entre os partidos Democrata e Republicano, cada um representando valores e ideologias específicas.
Essa polarização não é apenas política, mas também cultural, influenciando hábitos e preferências dos eleitores. Artistas como Beyoncé e Taylor Swift, por exemplo, manifestaram apoio aos democratas, alinhando-se com as visões liberais do partido. Grossmann ressalta que essa polarização não necessariamente indica extremismo, mas sim um alinhamento ideológico com as posições do partido escolhido.
No entanto, essa polarização tem levado os eleitores a encararem as eleições como disputas existenciais, onde o partido rival é visto como “totalmente malvado”. Essa visão extrema dos oponentes como inimigos em vez de adversários políticos é preocupante, mas Grossmann acredita que a reversão desse cenário deve vir das instituições, destacando as coisas que os americanos têm em comum para além das linhas partidárias.
Assim, as eleições nos Estados Unidos refletem não apenas uma escolha política, mas também um divisor cultural que tem profundas ramificações na sociedade americana. Enquanto os eleitores se preparam para votar, a polarização política e cultural continua sendo um desafio a ser enfrentado no país.