Dentre as 18 instituições ouvidas, apenas três estimam uma valorização do real em comparação com seu atual patamar, que gira em torno de R$ 4,85. A maioria enxerga o dólar voltando à casa dos R$ 5. O boletim Focus do Banco Central também projeta o dólar a R$ 5 em 2024.
Um dos principais fatores que justificam essa expectativa de desvalorização do real é a conjuntura externa e interna. Externamente, o Santander aponta que a manutenção dos juros em níveis restritivos nos Estados Unidos promove a redução do fluxo de capital estrangeiro para o Brasil. Além disso, a acomodação nos preços das commodities e o lento crescimento da China, maior parceiro comercial do Brasil, também limitam a valorização da moeda brasileira.
Já no cenário interno, o Santander cita riscos fiscais e a expectativa de queda da taxa básica de juros, a Selic. A combinação da redução da diferença entre as taxas dos dois países, devido à diminuição da taxa de juros no Brasil e à possibilidade de alta nos EUA, leva à apreciação do dólar.
O BTG Pactual também enfatiza a importância da política monetária nos EUA para o comportamento do câmbio nos próximos meses. Enquanto isso, o banco Inter destaca o risco fiscal como um potencial fator de desequilíbrio para o câmbio em 2024.
Diante desse contexto, as instituições financeiras revisaram suas projeções para o câmbio. O Itaú, por exemplo, alterou sua expectativa de R$ 5,25 para R$ 4,90, enquanto o C6 Bank revisou sua projeção de R$ 6 para R$ 5,50. Ambos citam a perspectiva de um corte antecipado de juros pelo Federal Reserve como um possível suporte para a moeda brasileira.
Em resumo, apesar da solidez das contas externas, as projeções apontam para uma moeda brasileira mais desvalorizada em relação ao dólar em 2024, com diversos fatores externos e internos contribuindo para essa expectativa. A situação econômica global e as decisões de política monetária nos Estados Unidos devem continuar impactando o mercado cambial nos próximos meses.