Ao longo de duas décadas, as Bolsas brasileira e americana obtiveram lucros acima da inflação em patamares semelhantes.

Nos últimos anos, o objetivo de qualquer investimento tem sido superar a inflação, a fim de preservar o poder de compra do dinheiro. Ao investir em algo que não acompanha o ritmo da inflação, corremos o risco de consumir menos no futuro. Esse mesmo objetivo é aplicado aos investimentos de risco, como no mercado de ações.

Os investimentos de risco, como ações, possuem maior volatilidade de retornos, o que significa que no curto prazo eles podem apresentar retornos menores que a inflação. Por isso, é importante avaliar o desempenho no longo prazo. Para isso, podemos analisar o rendimento das bolsas brasileiras e americanas nos últimos 20 anos.

Esse período é uma boa amostra, pois inclui períodos de bonança e problemas em ambos os mercados. Para avaliar o rendimento médio das ações, podemos utilizar os principais índices de Bolsa no Brasil e nos EUA.

É interessante utilizar índices, pois eles já consideram o reinvestimento dos dividendos, ou seja, incluem tanto o ganho de capital quanto o ganho de dividendos. Nos últimos 20 anos, o S&P500, principal índice de ações americano, teve uma valorização média anual de 8,0% em dólares. Já no Brasil, o Ibovespa teve uma valorização média anual de 11,6% em reais.

Nesse mesmo período, as inflações ao consumidor nos EUA e no Brasil foram de 2,6% e 5,8% ao ano, respectivamente. A desvalorização do Real nos últimos 20 anos foi de 2,4% ao ano, próxima ao diferencial de inflação.

Considerando os retornos dos índices de ações e as respectivas inflações, o ganho real no S&P500 foi de 5,3% ao ano, enquanto no Ibovespa foi de 5,5% ao ano nos últimos 20 anos.

Apesar de serem valores similares, o ganho da Bolsa americana acima da inflação parece mais atrativo para o investidor americano, pois os ganhos em renda fixa disponíveis nos EUA foram menores. Já no Brasil, os juros reais médios nos títulos públicos federais referenciados ao IPCA foram superiores ao do Ibovespa.

É válido ter uma parte do patrimônio investido em ações, principalmente para investidores agressivos e com horizonte de longo prazo, já que existe a possibilidade de passar por um período de bonança após momentos difíceis. No entanto, obter um ganho de 6,5% ao ano acima do IPCA e isento de IR em títulos de renda fixa de boas empresas parece ser suficientemente atrativo para representar uma parcela relevante do portfólio.

Em suma, o objetivo de qualquer investimento deve ser superar a inflação, preservando o poder de compra do dinheiro. Analisando o rendimento das bolsas brasileiras e americanas nos últimos 20 anos, fica claro que investir em ações pode ser lucrativo no longo prazo, desde que seja feito de forma estratégica e considerando os riscos envolvidos. No entanto, é preciso analisar também outras opções de investimento, como títulos de renda fixa, que podem oferecer ganhos atrativos e mais segurança para determinados perfis de investidores.

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