Com o auxílio de dados detalhados de estações meteorológicas e satélites que remontam apenas às últimas quatro décadas, os cientistas se questionam se essa série de eventos significa que a Antártida atingiu um ponto de inflexão, ou seja, um ponto no qual a perda de gelo marinho da camada de gelo da Antártida Ocidental é acelerada e irreversível.
Liz Keller, especialista em paleoclima da Universidade Victoria de Wellington, na Nova Zelândia, liderou uma sessão de estudos sobre previsão e detecção de pontos de inflexão na Antártida, levantando incertezas sobre se as observações atuais apontam para uma queda temporária ou para um declínio contínuo do gelo marinho.
De acordo com estimativas da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, a Antártida possui gelo suficiente em sua camada para elevar o nível médio global do mar em até 58 metros. Isso teria sérias consequências para cerca de um terço da população mundial que vive abaixo de 100 metros de altitude em relação ao nível do mar.
Embora seja difícil determinar se já atingimos um ponto sem retorno, Keller ressalta que a taxa de mudança que estamos presenciando é sem precedentes. O aumento dos níveis de CO2, que historicamente ocorreriam ao longo de milhares de anos, tem acontecido de forma acelerada em apenas um século.
A comunidade científica está alerta para essas mudanças preocupantes e os estudos e pesquisas sobre a Antártida continuam a fim de compreender a extensão dos impactos desses eventos climáticos extremos no continente gelado.