O levantamento conduzido pelo jornal americano corroborou os resultados de uma pesquisa liderada por pesquisadores brasileiros, cujos dados foram disponibilizados à Folha de São Paulo logo após o pleito. A projeção apontou que o ex-diplomata Edmundo González teria conquistado 66% dos votos, derrotando o atual ditador Nicolás Maduro, que teria obtido apenas 30% do total.
O estudo foi realizado durante o processo de apuração na Venezuela, porém, os resultados foram divulgados somente após a oficialização dos números pelo órgão eleitoral venezuelano, que declarou a vitória de Maduro com 51,2% dos votos, contra 44,2% para González, desencadeando acusações de fraude.
Os responsáveis pelo levantamento e pela validação da metodologia são Dalson Figueiredo, professor associado de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Raphael Nishimura, do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, ambos com vasta experiência em amostragem eleitoral.
O New York Times utilizou os mesmos dados da pesquisa conduzida pelos especialistas e confirmou os mesmos resultados, o que reforça a credibilidade do estudo e levanta questionamentos sobre a veracidade dos números divulgados pelo CNE no domingo.
Durante meses, os pesquisadores coletaram dados de eleições anteriores na Venezuela para identificar mesas de votação com tendências políticas distintas, a fim de selecionar uma amostra representativa e imparcial. Foram escolhidas 1.500 mesas de votação, de um total de 30 mil em todo o país, o que é considerado um número robusto por especialistas.
Apesar disso, apenas 700 atas eleitorais foram divulgadas, devido a supostas dificuldades na obtenção dos documentos restantes. O regime de Maduro ainda não disponibilizou as atas das urnas eletrônicas, gerando pedidos de esclarecimento por parte de outros países. O governo venezuelano alega ter sido alvo de um ataque hacker, o que teria impedido a divulgação dos documentos.
A controvérsia em torno dos resultados eleitorais na Venezuela segue gerando repercussões e levantando questionamentos sobre a transparência do processo eleitoral no país. O desenrolar dos eventos e as respostas do governo Maduro continuarão sendo acompanhados de perto pela comunidade internacional.