Diferentemente dos mosquitos mais conhecidos, como o Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, zika e chikungunya, o maruim tem hábitos diurnos e vespertinos e possui um tamanho muito menor, chegando a apenas 1,5 milímetro. Além disso, sua coloração mais escura e as manchas circulares em suas asas o distinguem dos demais mosquitos.
Maria Clara Alves Santarém, bióloga e curadora adjunta da Coleção de Ceratopogonidae da Fiocruz, explica que os maruins se alimentam de sangue para ajudar na maturação dos ovos, sendo apenas as fêmeas capazes de picar. Essa picada geralmente é dolorosa e pode causar reações alérgicas devido à liberação de histamina no organismo.
A febre oropouche é mais comum em locais úmidos, com material orgânico em decomposição, como resíduos de frutas. A alta temperatura e umidade favorecem a infestação desses insetos, especialmente em áreas de plantação de banana, onde são mais frequentes. Casos confirmados da doença foram registrados em regiões de bananal, no Vale do Ribeira em São Paulo.
A transmissão do vírus oropouche pelo Culicoides paraensis é um fator preocupante, uma vez que a infecção pode se espalhar rapidamente. A identificação do primeiro caso no Brasil em 1960 despertou o interesse de pesquisadores, que buscam compreender melhor a ação desse vetor. Atualmente, estudos indicam que o mosquito comum, Culex, também pode se infectar com o vírus, embora com menor eficiência.
Diante desse cenário, a prevenção se torna essencial para evitar a propagação da febre oropouche. O uso de repelentes e roupas protetoras em regiões de mata ou com alta incidência de casos é altamente recomendado. Além disso, telas nas janelas e portas das residências podem ser uma forma eficaz de impedir a entrada desses mosquitos hematófagos, contribuindo para a redução dos riscos de contaminação.