Durante a entrevista de duas horas, Fernández discutiu o futuro do kirchnerismo, corrente política à esquerda do peronismo, destacando as mudanças de posicionamento em relação à dívida pública e ao equilíbrio fiscal. Ele reconheceu sua proximidade com o ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina, e ressaltou a necessidade de renovação política no partido.
Uma das principais diferenças entre as gestões de Fernández e Cristina foi a política em relação ao Fundo Monetário Internacional (FMI), com Cristina sendo contra negociar a dívida feita pelo governo anterior. Fernández enfatizou a importância de novas formas de fazer política e citou alianças improváveis que resultaram em vitórias eleitorais, como a de Lula e Alckmin no Brasil.
O ex-presidente argentino também abordou a pandemia e seus efeitos antissistema, além de admitir erros cometidos durante seu mandato. Ele mencionou líderes globais com quem dialoga sobre desafios internacionais, como Lula, Gustavo Petro, Andrés Manuel López Obrador, Pedro Sánchez e o Papa Francisco.
Sobre Javier Milei, Fernández foi cauteloso em suas palavras, destacando a impulsividade do presidente e declarando a necessidade de mais reflexão em suas ações. Milei enfrenta uma semana importante no Senado, onde deve ser debatida sua Lei Ônibus, pacote de medidas liberais aprovado na Câmara dos Deputados. Fernández, acusado de desvio de verba pública, teve seus bens congelados recentemente, mas negou todas as acusações durante a entrevista.
Portanto, a entrevista de Alberto Fernández foi marcada por reflexões sobre o futuro do peronismo e da política argentina, além de críticas e análises sobre o atual governo e a conjuntura política do país.