A antiga Rede Ferroviária Federal S.A., estatal responsável pela malha ferroviária, enfrentou um progressivo abandono e endividamento, culminando na privatização da sua rede no final dos anos 1990, distribuindo a operação entre as concessionárias atuais.
Os contratos de concessão eram frágeis em relação às obrigações de manutenção de trilhos, estações e trens, sem uma agência reguladora para fiscalizar o setor até a criação da ANTT em 2001. Atualmente, as ferrovias representam apenas 17% da matriz logística do país, enquanto as rodovias suportam 66% da movimentação de cargas.
As concessionárias argumentam que parte do abandono das malhas se deve à falta de atualização dos trilhos para acompanhar o crescimento econômico, principalmente nos setores demandantes de transporte ferroviário como o agronegócio e a mineração. Nos últimos anos, houve expansão da malha ferroviária em regiões como Mato Grosso e Pará, impulsionada pelo aumento da produção agrícola e mineral.
O Ministério dos Transportes busca soluções para aproveitar melhor a malha existente, considerando até a reconstrução de trechos ou a liberação de áreas para outras atividades. Em cidades como Araraquara e Campina Grande, trechos abandonados estão sendo destinados a obras de infraestrutura urbana e até a implantação de veículos leves sobre trilhos para transporte de passageiros.
Uma auditoria do TCU apontou que partes dessas malhas abandonadas poderiam ser úteis para grandes centros industriais, mas a falta de políticas públicas, burocracia e infraestrutura de transbordo inibem o interesse logístico. Atualmente, as principais cargas transportadas nas ferrovias brasileiras são minério de ferro, soja e milho. A necessidade de investimentos e planejamento estratégico é urgente para revitalizar a malha ferroviária e impulsionar a logística nacional.