O quadro da perda de libido pode ter várias causas e nem sempre indica algo grave. Pode estar relacionado ao estresse profissional ou pessoal, fases específicas da vida, como gravidez, parto ou amamentação, entre outros fatores. No entanto, quando essa perda do desejo sexual é persistente e inesperada, é importante investigar as causas por trás desse sintoma.
Segundo a psiquiatra Catarina de Moraes, coordenadora do ambulatório de sexualidade no Hospital das Clínicas de Recife e secretária da Associação Brasileira de Medicina Sexual, é importante diferenciar a perda de libido de outros problemas sexuais, como dificuldade de ereção ou insatisfação sexual. A perda de libido é exclusivamente a ausência de desejo sexual.
De acordo com o endocrinologista Diego Fonseca, os critérios diagnósticos estabelecem que a perda de libido deve persistir por pelo menos seis meses para ser considerada clinicamente relevante. Porém, na prática clínica, essa avaliação pode ser menos rigorosa, levando em consideração a situação individual de cada paciente.
Dentre os fatores que podem estar por trás da alteração no desejo sexual, estão as mudanças na rotina e fases da vida. Redução da libido pode ocorrer devido a estresse, cansaço, mudanças na rotina e períodos em que outras atividades tomam o tempo que antes seria dedicado à atividade sexual. Catarina de Moraes destaca que a redução do desejo espontâneo é comum em relacionamentos monogâmicos ao longo do tempo, mas desde que haja satisfação sexual, essa redução não é necessariamente um problema.
Transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade, também podem afetar o desejo sexual. A depressão, por exemplo, pode causar desequilíbrios químicos no cérebro, afetando os hormônios relacionados ao humor e ao prazer. Além disso, alguns medicamentos usados para tratar esses transtornos podem ter como efeito colateral a redução da libido. No entanto, existem opções de tratamento e estratégias para minimizar esses efeitos.
Mudanças hormonais também podem afetar a libido. O estrogênio, presente nas mulheres, e a testosterona, presente nos homens, são os principais reguladores da libido e atividade sexual. Alterações nos níveis desses hormônios podem afetar o desejo sexual. O diagnóstico nesses casos pode ser desafiador, pois é necessário avaliar o histórico clínico e investigar outras possíveis condições subjacentes.
A presença de comorbidades, condições que afetam a saúde geral e podem indiretamente diminuir a libido, também é um fator a se considerar. Condições neurológicas, como esclerose múltipla, doença de Parkinson e lesões na medula espinhal, podem afetar a resposta sexual do indivíduo. O diabetes, por sua vez, pode causar alterações hormonais e neuropatia, comprometendo indiretamente a libido. Problemas cardíacos também podem levar à fadiga e afetar o interesse sexual.
Os médicos enfatizam que não há uma solução única para a queda de libido, pois cada caso é único e requer uma abordagem personalizada. É importante que os pacientes conversem abertamente com seus médicos sobre qualquer preocupação relacionada à função sexual. No caso de casais, é fundamental ter um diálogo aberto e sincero, buscando soluções juntos.
Em resumo, a perda de libido é um problema comum que pode ser causado por diversos fatores, desde mudanças na rotina e fases da vida até transtornos psiquiátricos e alterações hormonais. É importante investigar as causas por trás desse sintoma e buscar tratamento adequado, sempre com orientação médica. A comunicação aberta entre os parceiros também é essencial para lidar com essa questão.