Apesar das pressões de setores mais progressistas da Igreja e das comissões formadas pelo Papa Francisco para analisar a presença feminina na instituição religiosa, não há indícios de mudanças iminentes na política de ordenação de mulheres como sacerdotes. O Papa, em declarações recentes, ressaltou a importância do papel das mulheres na Igreja, destacando sua intuição eclesial e sua função de “espelhar a noiva de Jesus”.
No entanto, desde 2002, movimentos como o das “mulheres padres” têm ganhado visibilidade, desafiando a autoridade do Vaticano e realizando ordenações não reconhecidas pela Santa Sé. No Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, a proposta de diaconato feminino foi debatida, mas não foi incluída no relatório final, evidenciando as resistências internas à mudança.
Especialistas apontam que a exclusão das mulheres do sacerdócio dentro da Igreja Católica está relacionada à construção histórica do cristianismo, que se institucionalizou em um contexto dominado por visões androcêntricas e patriarcais. Tomás de Aquino, em suas obras, ecoou a visão misógina da filosofia grega ao conceituar as mulheres como seres inferiores, contribuindo para a marginalização delas na hierarquia religiosa.
A discussão sobre o papel das mulheres na Igreja Católica continua sendo um tema sensível e complexo, que envolve questões teológicas, históricas e sociais. Enquanto alguns defendem a igualdade de gênero e o acesso das mulheres ao sacerdócio, outros permanecem firmes na tradição milenar que reserva as ordenações sagradas exclusivamente aos homens. A busca por uma maior representatividade feminina e por uma releitura dos ensinamentos e práticas da Igreja ainda permanece como um desafio para o catolicismo contemporâneo.