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Pedagogia restaurativa é apontada como ferramenta para combater a violência nas escolas brasileiras, destaca audiência pública na Câmara dos Deputados

No Brasil, o número alarmante de ataques a escolas nos últimos anos tem preocupado especialistas e autoridades. Diante dessa realidade, a adoção da pedagogia restaurativa tem se mostrado uma alternativa eficaz para resolver conflitos e promover uma cultura de paz nas instituições de ensino. O tema foi discutido em uma audiência pública realizada na terça-feira (24) na Câmara dos Deputados.

A pedagogia restaurativa é uma metodologia que busca construir relações saudáveis e resolver conflitos por meio do diálogo e da empatia. A deputada Professora Goreth (PDT-AP), autora do pedido para a realização do debate, citou um estudo do Instituto Sou da Paz que revela que o país já registrou 25 ataques a escolas até o dia 19 de julho deste ano.

Um caso recente que chocou o país foi o ataque de um adolescente de 16 anos a uma escola em São Paulo, onde ele matou a tiros uma estudante e feriu outras duas. O atirador era aluno do colégio e alegou ter cometido o crime por sofrer bullying. Diante dessa realidade, a deputada Professora Goreth ressalta a importância de estimular a formação de uma cultura de paz nas escolas e acredita que a pedagogia restaurativa pode contribuir nesse sentido.

O estado do Amapá é citado como exemplo na adoção da pedagogia restaurativa. Segundo a promotora de Justiça do Ministério Público do Amapá, Silvia Canela, desde que o estado começou a adotar essa metodologia, não foram registrados casos de violência grave nas instituições de ensino. Antes, o índice de violência era alto e era necessário acionar frequentemente o batalhão da polícia escolar.

No Amapá, a principal atividade do programa de pedagogia restaurativa é a formação de professores, mas também há protocolos para lidar com situações emergenciais de conflito. A iniciativa envolve a Secretaria de Educação, o Ministério Público e o Judiciário.

A pedagogia restaurativa vai além de solucionar conflitos, ela utiliza técnicas e procedimentos para estimular o diálogo e instituir uma cultura de paz. Entre as práticas mais comuns estão a realização de conversas diárias com os alunos para saber como estão se sentindo e debater possíveis problemas, além de contação de histórias e círculos de conversa com a comunidade escolar.

O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Leoberto Brancher, ressalta que o objetivo é desarticular os mecanismos tradicionais de solução de problemas baseados em culpa e castigo, e instituir uma cultura de responsabilidade a partir da interação direta com as emoções. Ele destaca que essa abordagem exige habilidades avançadas de diálogo e pode levar a um melhor rendimento dos alunos.

A pedagogia restaurativa tem se mostrado uma estratégia eficaz para lidar com a violência nas escolas e promover uma cultura de paz. Sua adoção apresenta resultados positivos, como a redução da violência e o aumento do rendimento dos alunos. Com essa abordagem, busca-se construir um ambiente escolar mais seguro e acolhedor para todos os envolvidos.

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