Repórter São Paulo – SP – Brasil

Parlamento de Israel aprova proibição do canal Al Jazeera, considerado “terrorista” pelo governo de Netanyahu. Medida gera preocupação internacional.

O Parlamento de Israel aprovou, nesta segunda-feira (1º), uma nova lei que autoriza o governo a proibir a transmissão de canais estrangeiros no país, incluindo a rede qatari Al Jazeera. O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou sua intenção de aplicar imediatamente a proibição e classificou a emissora como “terrorista”.

Com 71 votos a favor e 10 contra, a lei permite que o ministro das Comunicações proíba a transmissão de conteúdos de canais estrangeiros e feche seus escritórios em Israel, caso o gabinete do primeiro-ministro considere que a emissora representa uma ameaça à segurança nacional. Para implementar tais medidas, é necessária a aprovação do governo ou do gabinete de segurança.

A nova legislação foi criticada pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), que classificou a lei como uma ameaça significativa à liberdade de imprensa internacional. O CPJ afirmou que a lei contribui para um clima de autocensura e hostilidade em relação à imprensa, tendência que tem se intensificado desde o início do conflito.

Em meio a essa polêmica, um ataque aéreo contra a embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, resultou na morte de pelo menos cinco pessoas, incluindo um comandante da Guarda Revolucionária Iraniana. A televisão estatal de Teerã responsabilizou Israel pelo bombardeio.

A Al Jazeera negou as acusações de Israel e afirmou que o país tem atacado sistematicamente seus funcionários na Faixa de Gaza. O chefe do escritório da emissora na Palestina, Wael Dahdouh, foi ferido em um bombardeio israelense em dezembro, no qual um cinegrafista da equipe faleceu. Em outro ataque, o filho de Dahdouh, Hamza, que atuava como repórter, foi morto. Apesar das tragédias, Dahdouh declarou publicamente que os jornalistas em Gaza continuariam desempenhando seu trabalho.

A aprovação da lei gerou preocupação nos Estados Unidos, principal aliado de Israel. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, expressou preocupação com a liberdade de expressão e o trabalho essencial dos jornalistas.

Essa não é a primeira tentativa de Netanyahu de suspender a transmissão da Al Jazeera em Israel. Em 2017, durante protestos de árabes-israelenses, ele ameaçou fechar o canal qatari, alegando que incentivava a violência. A Al Jazeera foi fundada em 1996 pelo emir do Qatar e tem desempenhado um papel fundamental como mediador em negociações na região do Oriente Médio.

Por fim, a nova lei em Israel levanta questões sobre liberdade de imprensa e censura midiática em um contexto de conflitos políticos e militares na região.

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