Durante o evento, o presidente do Congresso Brasileiro de Oftalmologia, Marcos Ávila, destacou um levantamento realizado em São Paulo que apontou que os pacientes levam de 206 a 1.499 dias para ter acesso ao tratamento para retinopatia diabética no estado. Ávila ressaltou a urgência em reduzir esse tempo de espera, afirmando que o paciente não pode esperar tanto para iniciar o tratamento.
A presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Wilma Lelis Barboza, enfatizou que a retinopatia diabética é a terceira causa de cegueira no país, atrás apenas da catarata e do glaucoma. Apesar de não ter cura, a doença pode ser controlada com tratamento adequado. Segundo Marcos Ávila, apenas 17% dos pacientes com retinopatia diabética são tratados pelo SUS, e apenas 2,89% recebem o protocolo ideal de tratamento.
Além da retinopatia diabética, o glaucoma também foi abordado durante o evento. De acordo com Wilma Barboza, a região Sul do Brasil possui uma taxa de 3,4% de pessoas com a doença, o que corresponde a mais de 7 milhões de brasileiros. No entanto, a proporção de pessoas que conseguem acesso ao tratamento é baixa.
A importância do diagnóstico precoce em crianças foi destacada pela coordenadora da comissão de oftalmologia social do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Celia Nakanami. Segundo ela, deficiências visuais na infância podem causar prejuízos ao desenvolvimento, como atraso para falar, andar e se relacionar. A falta de acesso a serviços de reabilitação visual também foi ressaltada, com menos de 5% das crianças com deficiência visual tendo acesso a esses serviços.
Diante desse cenário, especialistas presentes no fórum alertaram para a necessidade de ampliar o acesso aos tratamentos oftalmológicos no Brasil, garantindo um diagnóstico precoce e um tratamento adequado para todas as pessoas, em especial para as crianças. A preocupação com a saúde ocular no país é evidente, e ações efetivas são necessárias para garantir a prevenção da cegueira e a reabilitação visual na infância.