Durante a audiência, a chefe de projeto do Departamento de Proteção Social Especial da Secretaria Nacional de Assistência Social, Daniella Jinkings, se posicionou contra a criação do conselho tutelar. Ela destacou que a percepção da fragilidade dos idosos está equivocada nos dias de hoje, já que cada pessoa envelhece de forma diferente e nem todas as ações pensadas para diferentes momentos da vida se aplicam a todos.
Segundo Daniella, criar um conselho tutelar para os idosos seria reforçar o estereótipo negativo de que eles são incapazes de gerir suas próprias vidas. Ela ressaltou que, ao contrário do que acontece com crianças e adolescentes nos conselhos tutelares, os idosos não precisam de tutela, mas sim de cuidado. Além disso, a medida vai de encontro aos princípios do respeito à autonomia, que é a política da pessoa idosa no país.
Outra questão discutida na reunião foi a aprovação da PEC 383/17, que prevê a aplicação de recursos mínimos pela União para financiar os serviços e a gestão da assistência social. A diretora do Departamento de Cuidados da Primeira Infância e da Pessoa Idosa do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Maria Carolina Pereira, também defendeu o fortalecimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que atende atualmente idosos em situação de vulnerabilidade.
O presidente do Conselho Nacional da Pessoa Idosa, Raphael Castelo Branco, destacou que a intervenção na autonomia dos idosos deve ser a última opção, ressaltando a importância de promover direitos, liberdades e fortalecer a autonomia das pessoas idosas. A audiência pública foi solicitada pelo deputado Alexandre Lindenmeyer, relator do projeto de lei que cria os conselhos tutelares, com o objetivo de reunir informações que contribuirão para aperfeiçoar a proposta em análise. Todas as manifestações durante o debate serão consideradas para definir o voto no relatório final.