De acordo com dados apresentados, 359 municípios da região estão em situação de emergência, com a maioria localizada em Pernambuco, Piauí e Bahia. Mais de 5 milhões de pessoas estão em áreas de seca extrema ou severa, e há riscos de colapso em reservatórios de água, como Jucazinho, em Pernambuco, e São José do Jacuípe, na Bahia.
O secretário de Recursos Hídricos e de Saneamento de Pernambuco, José Almir Cirilo, destacou a gravidade da situação e a necessidade de agir para mitigar os efeitos da seca.
Os cientistas também apresentaram dados preocupantes sobre o avanço do semiárido no Brasil, apontando um aumento de 80 mil quilômetros quadrados nas últimas seis décadas, especialmente em áreas de Cerrado. A desertificação é um fenômeno que preocupa os especialistas, pois pode causar a perda de solo, tornando-o inadequado para o cultivo de vegetação.
Carlos Nobre, pesquisador do IEA-USP, alertou que a solução para a região passa por incentivar modelos agrícolas que valorizem as características da Caatinga, o bioma considerado a savana estépica mais biodiversa do mundo.
Diversas ações imediatas foram propostas, como a retomada do Plano Nacional de Combate à Desertificação, a ampliação do Programa de Cisternas e da Operação Carro-Pipa e a criação do Fundo de Atendimento às Situações de Emergência e de Calamidade Pública Decorrentes de Secas (Fasec).
O deputado Fernando Mineiro (PT-RN) cobrou um reforço no orçamento e ações integradas dos órgãos públicos para enfrentar a situação. De acordo com o Cemaden, a tendência é de manutenção da seca no semiárido em dezembro, mas com possibilidade de chuva em janeiro, devido ao aquecimento do Oceano Atlântico.
O fenômeno El Niño deve persistir até maio, mas com uma tendência mais branda em comparação a 2023. Em meio a esse cenário preocupante, a ciência indica a importância de monitoramento contínuo e ações planejadas para lidar com os impactos da seca no semiárido brasileiro.
Por José Carlos Oliveira, com edição de Ana Chalub.
