Durante a audiência, Ricardo Oliveira admitiu que a empresa nunca apresentou estudos de impacto ambiental e afirmou que a concessão do direito de explorar sal-gema na cidade foi concedida em 1966, antes das exigências atuais de licenças ambientais. O superintendente substituto de Fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM), Helder Pasti, também explicou que as regras de fiscalização foram modificadas em 2010, passando a dar prioridade às minas subterrâneas.
Pasti ressaltou que, desde 2015, a ANM pedia estudos sobre as operações da Braskem, mas a empresa só apresentou relatórios sobre quatro instalações no período. O deputado Alfredo Gaspar destacou que a agência aplicou a primeira multa na empresa somente após a “tragédia ambiental” em 2020, classificando a Braskem como criminosa e a ANM como omissa.
O representante da ANM defendeu-se, declarando que o órgão fez tudo que podia com a estrutura que dispõe e ressaltou ter apenas um fiscal para todo o estado de Alagoas. O deputado Marx Beltrão (PP-AL) expressou descrença de que a Braskem agiu sozinha, pedindo que órgãos como o Ministério Público Federal e a Polícia Federal identifiquem os responsáveis.
Desde 2018, moradores de cinco bairros de Maceió próximos às minas da Braskem foram retirados de suas casas devido aos problemas decorrentes da mineração. No domingo, um afundamento de terra na lagoa Mundaú foi atribuído ao colapso de uma das minas, porém, especialistas afirmam que a lagoa não será sugada pelo desabamento da mina.
Análises do Serviço Geológico do Brasil constataram que um tremor de terra em 2018 foi provocado pelas perfurações das minas da Braskem, que podem atingir mais de 1.200 metros de profundidade. Participantes da audiência também apontaram que os afundamentos de terra podem ter começado antes de 2018.
Segundo o pesquisador do Serviço Geológico do Brasil, Leandro Galvanese, levantamentos feitos por satélite pela Braskem no início dos anos 2000 já apontavam deslocamentos da superfície em Maceió. Atualmente, a velocidade de afundamento do terreno na área de mineração é de 18 cm por ano, chegando a 52 cm por dia antes do afundamento no domingo.
Diante da magnitude do desastre, as autoridades competentes devem investigar e responsabilizar todos os envolvidos, garantindo justiça para os milhares de afetados pela negligência das empresas e órgãos reguladores. Este é um claro exemplo de como a falta de fiscalização e políticas ambientais adequadas pode acarretar sérios danos à população e ao meio ambiente.