Cobranças por regulamentação de créditos de carbono no Brasil são feitas em audiência na Câmara dos Deputados

Participantes de uma audiência na Comissão da Amazônia da Câmara dos Deputados destacaram a urgência na regulamentação dos créditos de carbono no Brasil. A principal reivindicação é a criação de mecanismos que permitam às empresas poluidoras compensar suas emissões de gases de efeito estufa comprando créditos gerados por projetos de redução de emissões ou de captura de carbono. Além disso, eles também pedem instrumentos de proteção às comunidades tradicionais nesse mercado.

Durante o debate, Mary Allegretti, representante do Instituto de Estudos Amazônicos, ressaltou que as reservas extrativistas têm muito a oferecer nesse mercado. Ela destacou que essas áreas possuem 2 bilhões de toneladas de carbono, que podem se transformar em um capital econômico relevante. Segundo ela, as comunidades extrativistas têm interesse e potencial para serem protagonistas do desenvolvimento coerente com as demandas atuais do planeta.

No entanto, Allegretti também apontou riscos que precisam ser enfrentados, como contratos feitos em inglês, que dificultam a compreensão das comunidades e as deixam propensas a cair em armadilhas. Ela afirmou que é necessário garantir direitos das comunidades e incluir a aprovação desses projetos de crédito e uma repartição de benefícios em caso de projetos conjuntos com empresas.

Júlio Barbosa, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, ressaltou a importância de definir diretrizes inegociáveis para qualquer projeto de carbono em comunidades tradicionais, como o respeito à Convenção Internacional Sobre Povos Indígenas e Tribais. Ele mencionou denúncias recentes de empresas que utilizaram terras públicas para vender irregularmente créditos de carbono a oito companhias.

Kleber Karipuna, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, defendeu maior proteção às comunidades e alertou para a necessidade de considerar a autodeterminação e autonomia dos povos indígenas na regulamentação do mercado de carbono.

O deputado Airton Faleiro (PT-PA), responsável por solicitar o debate, ressaltou a ausência de regulamentação no setor e declarou que o “elo mais fraco da corrente” é quem sai perdendo. Para ele, é imprescindível a regulamentação nacional e estadual nessa área.

Atualmente, um projeto de lei (PLS 412/22) em discussão no Senado busca regulamentar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. A proposta está sendo relatada pela senadora Leila Barros (PDT-DF) e já possui uma nova versão do texto. No entanto, representantes das comunidades tradicionais destacaram a necessidade de aprimoramentos no projeto e de inclusão dos direitos das comunidades.

Diante dos apelos dessas comunidades e das discussões realizadas na audiência da Comissão da Amazônia, espera-se que a regulamentação dos créditos de carbono no Brasil avance, garantindo a participação efetiva e justa de todas as partes envolvidas e promovendo a proteção do meio ambiente e das comunidades tradicionais.

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