Segundo a Secretária Nacional de Autonomia Econômica e Políticas de Cuidado no Ministério das Mulheres, Rosane Silva, incluir os cálculos relativos ao trabalho não remunerado de cuidado nas contas nacionais poderá contribuir para mudar a concepção da sociedade sobre a importância desse trabalho. Ela destaca que a tradicional divisão entre o que se considera trabalho econômico e não econômico resulta de uma intensa marginalização e desvalorização do trabalho de cuidado.
A deputada Luizianne Lins (PT-CE), autora do Projeto de Lei 638/19, que inclui a economia do cuidado no cálculo do PIB, lamentou que somente agora o País comece a tratar do tema. Ela destacou que é uma questão invisível que toma proporções gigantescas no Brasil e que muitos problemas sociais foram agravados nos últimos anos.
A Secretária da Política Nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Laís Abramo, citou dados que apontam o cuidado do lar como o principal motivo de mulheres desempregadas sequer tentarem entrar no mercado de trabalho. Ela afirmou que mulheres em idade ativa que não estão no mercado de trabalho nem procurando emprego têm como razão principal o fato delas terem que fazer o trabalho de cuidado dentro de suas casas. Para os homens, o percentual é de apenas 2%.
A ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Kátia Magalhães Arruda, ressaltou que políticas públicas voltadas ao cuidado impactam em pontos que são mais importantes até mesmo que a economia. Ela afirmou que mais importante que pensar na noção de PIB é pensar no impacto que uma boa política de cuidados pode trazer para o Índice de Desenvolvimento Humano. O que queremos, na verdade, é uma melhor vida para todas e todos.
A importância desse debate sobre a economia do cuidado coloca em evidência a necessidade de repensar a valorização do trabalho não remunerado, principalmente de cuidado, no cenário econômico. As discussões buscam ampliar a compreensão da importância desse tema para a sociedade como um todo.
Portanto, é imprescindível que o tema continue sendo discutido em esferas legislativas e no âmbito público, a fim de garantir políticas e cálculos econômicos que reflitam a importância e o impacto do trabalho de cuidado na sociedade.
