Nesta quinta-feira, o Congresso Nacional foi palco de manifestações contrárias ao marco temporal para demarcação de terras indígenas. Em meio a esses protestos, representantes de povos indígenas se reuniram na Câmara dos Deputados para discutir a criação de uma universidade própria e políticas educacionais voltadas para os povos originários.
A secretária de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação, Rosilene Cruz de Araújo Tuxá, anunciou a formação de um grupo de trabalho que, dentro de 60 dias, apresentará uma proposta para a nova instituição de ensino. Essa proposta será submetida a uma consulta pública junto às comunidades indígenas. Tuxá ressaltou a importância da participação dos povos na elaboração do projeto, destacando a necessidade de envolvimento dos professores indígenas nesse processo.
A audiência pública que abordou o tema foi realizada pela Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, a pedido da deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), presidente do colegiado. O coordenador do Fórum Nacional da Educação Escolar Indígena, Gersen Baniwa, enfatizou a importância da educação escolar para o futuro dos povos indígenas em meio a uma sociedade complexa.
Segundo a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta Andrade, o Brasil atualmente conta com cerca de 60 mil estudantes indígenas no ensino superior, mas essas instituições não estariam preparadas para recebê-los devido à existência de racismo estrutural.
Além da criação da universidade indígena, a representante da Funai defendeu a transformação do programa bolsa-permanência em política de Estado, a fim de garantir a permanência de estudantes indígenas no ensino superior. Paralelamente, os indígenas se fazem presentes no Congresso para se manifestarem contra a derrubada dos vetos presidenciais ao projeto que estabelece o marco temporal para a demarcação de territórios indígenas.
A discussão em torno da educação indígena e da criação de uma universidade própria para esses povos mostra-se essencial para garantir o acesso à educação e a valorização de suas tradições e conhecimentos. Trata-se de um passo significativo na promoção da inclusão e na luta contra o racismo estrutural que afeta essas comunidades. A iniciativa liderada pela Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais reflete a importância desse debate e a necessidade de promover medidas efetivas para garantir o direito à educação para todos os povos do país.