Conselheiros Tutelares denunciam sobrecarga, baixa remuneração e falta de estrutura em audiência na Câmara dos Deputados.

Na última quinta-feira (03/10/2024), a Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência para discutir a precariedade da situação dos conselheiros tutelares em todo o país. Com cerca de 30 mil profissionais atuantes, as principais reclamações giram em torno da sobrecarga de trabalho, falta de estrutura, baixa remuneração e problemas de saúde.

Durante o encontro, a coordenadora geral de fortalecimento do Sistema de Garantias de Direitos do Ministério de Direitos Humanos, Cleyse Silva, admitiu que a maioria dos 6 mil conselhos tutelares enfrenta sérias dificuldades. Ela ressaltou o desrespeito à função do conselheiro tutelar, a desvalorização de seu papel e das suas atribuições, bem como as condições inadequadas de trabalho.

Gustavo Camargos, da Associação dos Conselheiros Tutelares do Distrito Federal (ACT-DF), destacou a defasagem de 11 conselhos nas regiões administrativas e a situação alarmante de cerca de 220 profissionais com problemas de saúde mental devido à carga excessiva de trabalho, que chega a 50 horas semanais.

A sobrecarga enfrentada pelos conselheiros tem prejudicado sua atuação diante de questões complexas relacionadas à violação dos direitos de crianças e adolescentes, levando-os a focar mais em casos individuais do que em soluções coletivas que poderiam impactar positivamente as comunidades.

A conselheira tutelar Irene Bezerra relatou as dificuldades enfrentadas em áreas de vulnerabilidade social e violência urbana, como na Cidade Estrutural, em Brasília, onde apenas os casos mais urgentes têm sido atendidos.

O papel central dos conselhos tutelares na defesa dos direitos da infância e adolescência foi ressaltado pela promotora do Ministério Público do Distrito Federal, Luisa de Marillac dos Passos. Ela destacou que o conselho trabalha com medidas administrativas para fortalecer famílias e crianças, atuando no cotidiano e evitando a judicialização excessiva.

Diversas autoridades presentes no evento defenderam o fortalecimento dos conselhos tutelares, inclusive em comunidades indígenas, quilombolas e zonas rurais. A deputada Erika Kokay propôs ajustes no Sistema de Informação para a Infância e a Adolescência (Sipia), visando a construção de políticas públicas mais eficientes.

Diante de tantos desafios, é crucial que o governo e a sociedade civil se unam para garantir melhores condições de trabalho e mais reconhecimento aos conselheiros tutelares, que desempenham um papel fundamental na proteção dos direitos das crianças e adolescentes em todo o país.

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