Cerca de 8% das pessoas diagnosticadas com HIV/Aids não fazem tratamento necessário, revela Ministério da Saúde em audiência parlamentar

Na tarde desta quarta-feira, a deputada Erika Kokay presidiu uma reunião da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, na qual o Ministério da Saúde fez importantes revelações sobre o tratamento de pessoas diagnosticadas com HIV/Aids. De acordo com os dados apresentados, aproximadamente 8% das 904 mil pessoas diagnosticadas em 2023 não seguiram o tratamento necessário para reduzir a carga viral.

Durante a audiência, o representante do Ministério da Saúde, Artur Kalichman, ressaltou a importância de implementar políticas públicas eficazes para solucionar esse problema. Além disso, ele informou que aproximadamente 16% das pessoas diagnosticadas iniciam o tratamento, mas acabam não seguindo adequadamente.

A Unaids Brasil estabeleceu como meta, até 2030, ter 95% das pessoas com HIV/Aids diagnosticadas e em tratamento, com carga viral indetectável. No entanto, atualmente o Brasil atinge apenas a última meta, com índices de diagnóstico em 90% e de tratamento em 81%. Esse cenário se agrava especialmente entre a população trans, onde apenas 15% estariam seguindo o tratamento corretamente.

A falta de informação e a discriminação também foram temas abordados durante a reunião. Segundo Ariadne Ribeiro, da Unaids Brasil, existe muita discriminação em torno de profissionais do sexo e da população LGBTQIA+, além da falta de informação entre pessoas negras e jovens sobre os tratamentos preventivos e emergenciais.

O vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, Veriano Terto Jr., destacou que o estigma em relação às pessoas soropositivas ainda persiste. Ele ressaltou que há um pensamento equivocado que associa a soropositividade a uma sexualidade desenfreada, o que contribui para a culpa e o abandono do tratamento.

Diante desse cenário, a deputada Erika Kokay se comprometeu em dialogar com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para buscar soluções para os 16% das pessoas que abandonam o tratamento e os 8% que nem sequer o iniciam. A Unaids Brasil também destacou que a mortalidade por Aids teve uma queda significativa nos últimos dez anos, passando de 5,5 mortes por 100 mil habitantes para 4,1, uma redução superior a 25%.

Portanto, é crucial que medidas eficazes sejam adotadas para garantir o acesso e a continuidade do tratamento para todas as pessoas diagnosticadas com HIV/Aids, combatendo o estigma e promovendo a informação e conscientização sobre a doença.

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