Projeto de Lei proposto por Kataguiri visa revogar decreto que confiscava bens de descendentes de países do Eixo durante a Segunda Guerra.

Na última segunda-feira, dia 30 de setembro de 2024, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) se pronunciou veementemente contra a manutenção do Decreto-Lei 4.166/42, que permitia ao governo brasileiro apropriar bens de indivíduos de ascendência alemã, japonesa e italiana durante a Segunda Guerra Mundial. Em sua fala, Kataguiri destacou que a permanência desse decreto representa um anacronismo e uma afronta à justiça.

O Projeto de Lei 2239/24, proposto pelo deputado, tem como principal objetivo revogar esse dispositivo legal, que foi criado pelo então presidente Getúlio Vargas durante o conflito mundial. O decreto autorizava o governo brasileiro a confiscar bens e direitos de pessoas provenientes de países do Eixo, responsabilizando-as pelos atos de suas nações de origem.

Kataguiri enfatizou que a revogação desse decreto é um passo simbólico, porém de grande importância. O parlamentar afirmou que essa ação reforça o compromisso do Brasil com a justiça, a igualdade e o respeito aos direitos humanos, princípios fundamentais presentes na Constituição vigente.

Durante as discussões sobre o projeto, Kataguiri ressaltou que os cidadãos japoneses, alemães, italianos e seus descendentes não tinham qualquer responsabilidade nas decisões políticas e militares tomadas por seus países durante a guerra. Ele destacou a contribuição desses imigrantes para o desenvolvimento econômico, social e cultural do Brasil.

É importante ressaltar que, em 1946, um decreto do então presidente Eurico Gaspar Dutra restituiu os bens e direitos dos cidadãos italianos, e ao longo dos anos, os bens confiscados de alemães e japoneses foram sendo devolvidos. O último caso foi a devolução do prédio de uma escola japonesa em Santos (SP) à Associação Japonesa de Santos em 2018.

O Projeto de Lei 2239/24 agora aguarda análise das Comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, além da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para tornar-se lei, o texto precisa ser aprovado tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado. A proposta conta com o apoio de diversos parlamentares e tem despertado debates sobre a importância de rever aspectos históricos que afetaram comunidades de imigrantes no Brasil.

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