Cientistas de diferentes nacionalidades, ligados à iniciativa ClimaMeter, realizaram um estudo comparando os sistemas de baixa pressão na região, semelhantes aos que atingiram o estado na última semana, nas últimas décadas em comparação com o final do século 20. Eles apontam que as fortes chuvas são consideradas “um tanto incomuns” e que a variabilidade climática natural, assim como fenômenos como o El Niño, têm um papel “modesto” em comparação às mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas.
Mais de 80% dos municípios do Rio Grande do Sul foram impactados pelas tempestades, que resultaram em alagamentos históricos e afetaram mais de 1,4 milhão de pessoas, deixando mais de 67 mil desabrigados e causando, pelo menos, 107 mortes.
Os pesquisadores ressaltam a desproporcionalidade dessas inundações, afirmando que comunidades vulneráveis são as mais prejudicadas, apesar de terem pouca responsabilidade pelas mudanças climáticas. Para tentar minimizar esses impactos, é urgente uma redução imediata nas emissões de combustíveis fósseis e medidas proativas para proteger as áreas vulneráveis devido aos padrões de precipitação cada vez mais imprevisíveis.
A análise, assinada por pesquisadores de quatro países, destaca a importância de abordar as mudanças climáticas em escalas regional e global para proteger vidas humanas e limitar a frequência e a intensidade de eventos climáticos extremos. O ClimaMeter, plataforma desenvolvida por uma equipe de cientistas na Universidade Paris-Saclay, na França, é uma ferramenta experimental que analisa de forma ágil eventos climáticos extremos logo após as ocorrências.