Impacto de Belo Monte em Altamira: estudo aponta insegurança alimentar e crescimento da violência após a construção da usina.

A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, localizada no Pará, tem causado um grande impacto socioambiental na região. Pesquisadores, ambientalistas e diversos meios de comunicação têm classificado os danos decorrentes da usina como um verdadeiro desastre. Recentemente, um relatório de vistoria produzido pelo Ibama apontou uma série de problemas, como assoreamento e obstáculos à navegação no rio Xingu, alta mortalidade de árvores, inviabilização da reprodução de peixes e desestruturação do modo de vida de povos indígenas e comunidades ribeirinhas.

Um estudo financiado pela Fapesp investigou a insegurança alimentar na cidade de Altamira, que foi severamente impactada pela construção da barragem de Belo Monte. A cidade se tornou um ponto central para o fornecimento de bens, serviços e apoio logístico durante a construção da usina, afetando significativamente a sua população. O crescimento populacional desordenado e a falta de planejamento adequado resultaram em graves consequências, tornando Altamira uma das cidades mais violentas do Brasil.

O estudo, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, revelou que 61% dos domicílios em Altamira apresentam algum nível de insegurança alimentar e nutricional. O pós-doutorando Igor Cavallini Johansen, responsável pela pesquisa, destacou que a insegurança alimentar estava associada a diversos fatores socioeconômicos, como baixo nível de escolaridade, desemprego e pertencimento a camadas sociais mais pobres.

Além disso, estudos anteriores mostraram que comunidades de pescadores na região de Porto Velho, impactadas pelas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, tiveram perdas significativas na produção e lucratividade da pesca após a construção das barragens. A redução do consumo de peixe nas residências dessas comunidades evidencia os impactos negativos desses megaprojetos na região amazônica.

Os desafios enfrentados em Altamira e nas comunidades de pescadores demonstram a necessidade urgente de se repensar o modelo de desenvolvimento em áreas de grande importância ambiental e social. Os estudos ressaltam a importância de uma abordagem mais sustentável e participativa na implementação de projetos de grande porte, a fim de mitigar os prejuízos causados à população e ao meio ambiente.

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