Novo relatório aponta desmatamento em fazendas ligadas à JBS na Amazônia e no Cerrado, com indícios de ilegalidade

No último ano, fazendas ligadas à cadeia de suprimentos da JBS na Amazônia e no Cerrado desmataram novas áreas, com evidências de ilegalidade, de acordo com um relatório produzido pelas organizações ambientalistas Mighty Earth e AidEnvironment. Patrocinadas pela agência de desenvolvimento norueguesa Norad, as ONGs utilizaram dados do sistema Prodes, do Inpe, para lançar o relatório que aponta um aumento no desmatamento em propriedades fornecedoras da maior produtora de proteína animal do mundo.

No relatório anterior, divulgado há um ano, as ONGs identificaram 68 casos de desmatamento entre 2019 e 2022 que poderiam ter ligações com a cadeia de fornecedores da JBS. Desta vez, ao revisar esses casos com base no sistema Prodes, foi confirmado que 59 das 68 fazendas analisadas apresentaram desmatamento. Além disso, foi apontado um aumento de 16.843 hectares de desmatamento em 21 das fazendas analisadas.

Segundo a Mighty Earth, se a JBS tivesse agido de forma urgente e transparente diante dos primeiros casos de desmatamento, o desmate subsequente poderia ter sido evitado. O relatório mais recente revela 37 novos casos de desmatamento em fazendas relacionadas à JBS, totalizando 60.218 hectares, sendo que 12 das fazendas fazem fronteira ou se sobrepõem a terras indígenas.

A JBS, em resposta ao relatório, afirmou que analisou os 105 casos apontados pelas ONGs. Segundo a empresa, 60% das fazendas não constam em sua base de fornecedores, 28% já estavam bloqueadas por não cumprirem critérios socioambientais e os 12% restantes estavam liberados para comercialização, respeitando os protocolos estabelecidos.

A questão do desmatamento ilegal é um tema sensível, especialmente considerando a pressão internacional para combater o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. A JBS anunciou prazos para que seus fornecedores apresentem desmatamento zero, tanto legal quanto ilegal, como uma forma de se adaptar às novas regulamentações, incluindo a possibilidade de proibição de importação de commodities com risco de desmatamento em países europeus.

Diante das denúncias e pressões internacionais, a JBS enfrenta um cenário de escrutínio e desafios para garantir a transparência e a sustentabilidade em sua cadeia de suprimentos. A empresa precisa lidar com a questão do desmatamento e das práticas socioambientais inadequadas em suas fazendas fornecedoras, demonstrando compromisso com a preservação das florestas e a mitigação dos impactos ambientais de suas operações.

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