Os conflitos por terra foram os mais numerosos, totalizando 1.724 casos, sendo este o segundo ano consecutivo de aumento nesse tipo de incidente. As situações relatadas incluem invasões, expulsões, ameaças e despejos que afetaram famílias rurais em todo o país.
Além disso, as ocupações e retomadas de terra, realizadas por movimentos como os sem-terra, indígenas e quilombolas, também cresceram, totalizando 119 registros. No entanto, esses números ainda ficam abaixo dos picos registrados na última década.
Um aspecto preocupante desses conflitos é a presença de violência, com 1.588 casos reportando algum tipo de ato violento. Os responsáveis por essas violações são, em sua maioria, fazendeiros, seguidos por empresários, governo federal, grileiros e governos estaduais.
O relatório divulgado pela CPT aponta o Norte do Brasil como a região com o maior número de conflitos, seguido pelo Nordeste. Entre os estados mais afetados estão Bahia, Pará, Maranhão, Rondônia e Goiás. Estima-se que quase um milhão de pessoas foram impactadas por esses conflitos em disputas por terra que somam mais de 59 milhões de hectares.
Outro dado alarmante apresentado no relatório é o aumento de casos de pistolagem, atingindo o maior número da década, com 264 registros. Isso demonstra a crescente violência e a participação de fazendeiros, empresários e grileiros na situação de conflito no meio rural do país.
Diante desse cenário, representantes da CPT apontam a lentidão do governo de Lula na resolução desses conflitos e na implementação de políticas públicas eficazes. Recentemente, o governo lançou o programa Terra da Gente, com a promessa de assentar 295 mil famílias até 2026, como forma de mitigar os problemas no campo.
No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a demarcação de territórios indígenas, o combate ao trabalho análogo à escravidão e a contenção da violência no meio rural. A atuação do governo e a mobilização da sociedade civil são fundamentais para promover um ambiente de paz e justiça no campo brasileiro.