Número de conflitos no campo atinge recorde no primeiro ano de governo Lula, com 2.203 ocorrências, aponta relatório da Comissão Pastoral da Terra.

O Brasil registrou um recorde de conflitos no campo no primeiro ano do governo de Lula (PT), com um total de 2.203 ocorrências, de acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Esses números representam o maior índice desde 1985, quando a organização começou a monitorar e contabilizar as denúncias.

Os conflitos por terra foram os mais numerosos, totalizando 1.724 casos, sendo este o segundo ano consecutivo de aumento nesse tipo de incidente. As situações relatadas incluem invasões, expulsões, ameaças e despejos que afetaram famílias rurais em todo o país.

Além disso, as ocupações e retomadas de terra, realizadas por movimentos como os sem-terra, indígenas e quilombolas, também cresceram, totalizando 119 registros. No entanto, esses números ainda ficam abaixo dos picos registrados na última década.

Um aspecto preocupante desses conflitos é a presença de violência, com 1.588 casos reportando algum tipo de ato violento. Os responsáveis por essas violações são, em sua maioria, fazendeiros, seguidos por empresários, governo federal, grileiros e governos estaduais.

O relatório divulgado pela CPT aponta o Norte do Brasil como a região com o maior número de conflitos, seguido pelo Nordeste. Entre os estados mais afetados estão Bahia, Pará, Maranhão, Rondônia e Goiás. Estima-se que quase um milhão de pessoas foram impactadas por esses conflitos em disputas por terra que somam mais de 59 milhões de hectares.

Outro dado alarmante apresentado no relatório é o aumento de casos de pistolagem, atingindo o maior número da década, com 264 registros. Isso demonstra a crescente violência e a participação de fazendeiros, empresários e grileiros na situação de conflito no meio rural do país.

Diante desse cenário, representantes da CPT apontam a lentidão do governo de Lula na resolução desses conflitos e na implementação de políticas públicas eficazes. Recentemente, o governo lançou o programa Terra da Gente, com a promessa de assentar 295 mil famílias até 2026, como forma de mitigar os problemas no campo.

No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados, como a demarcação de territórios indígenas, o combate ao trabalho análogo à escravidão e a contenção da violência no meio rural. A atuação do governo e a mobilização da sociedade civil são fundamentais para promover um ambiente de paz e justiça no campo brasileiro.

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