No documento, as entidades argumentam que essa transferência representa uma ameaça ao caráter público da Caixa, pois seria uma forma de “terceirização” da operação. Além disso, temem que a medida comprometa o repasse de recursos das loterias ao governo federal, que são utilizados para financiar políticas públicas, e ainda abra espaço para uma eventual privatização da instituição.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, questiona os reais objetivos do banco ao promover essa mudança organizacional. Takemoto afirma que as justificativas apresentadas pela Caixa para a criação de uma empresa específica para as loterias, alegando maior agilidade na implementação de novos produtos, carecem de fundamentos.
Atualmente, as loterias estão consolidadas no balanço do banco, tendo arrecadado no ano passado um total de R$ 23,4 bilhões, dos quais R$ 9,2 bilhões foram destinados a programas sociais do governo federal. Além disso, as loterias desempenham um papel fundamental na rede de atendimento da Caixa, com um número significativamente maior de lotéricas em relação às agências físicas.
Diversas entidades assinam a carta enviada ao conselho de administração da Caixa, expressando preocupações com a possibilidade de privatização da instituição. O temor é de que a transferência das loterias para uma empresa controlada pelo banco possa ser apenas o primeiro passo rumo a uma privatização mais ampla da Caixa.
Embora a Caixa defenda que a criação da Caixa Loterias visa trazer mais eficiência ao negócio das loterias, a decisão ainda está gerando controvérsias e preocupações quanto ao futuro da instituição. A discussão sobre o papel do banco público e a manutenção de sua função social permanece em pauta, enquanto se aguarda a votação decisiva sobre a transferência das operações de lotéricas.