As acusações incluem um pedido de indenização por dano moral coletivo de quase 600 milhões de reais, equivalente à renda bruta declarada pela empresa em 2021. O esquema teve início durante a década de 1990, com a tentativa da gestão do prefeito Celso Pitta de ordenar o transporte público em São Paulo, que até então era dominado por lotações e perueiros.
A privatização da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) em 1993 abriu espaço para a atuação de diferentes empresas de ônibus na cidade. Em 2003, a cidade foi dividida em oito regiões concedidas a consórcios formados por cooperativas de profissionais autônomos, como a Cooperpam que operava na zona sul.
Com o tempo, a Cooperpam foi absorvida pela Transwolff, que passou a intimidar e extorquir os cooperados, pressionando-os a renunciar suas cotas sem qualquer compensação. As ameaças se intensificaram a partir de 2008, com redução dos repasses e coações para assinatura de documentos abrindo mão de direitos.
Pandora, dono da Transwolff entre 2015 e 2019, e Robson Flares Lopes Pontes, responsável pela Cooperpam, foram presos nesta semana. Pontes também é acusado de integrar o PCC e é irmão de um líder da facção criminosa. A empresa não quis comentar sobre as acusações.
A denúncia do Ministério Público aponta para um esquema de corrupção e violência que dominou o transporte público em São Paulo e expôs a vulnerabilidade dos profissionais autônomos que atuavam no setor. A investigação continua para apurar outros possíveis envolvidos e esclarecer o esquema em sua totalidade.
