Segundo a pesquisadora Ana Luísa Barbosa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as mulheres gastam em média mais de 21 horas por semana em afazeres domésticos e trabalhos de cuidado, enquanto os homens dedicam entre 10 e 11 horas semanais a essas tarefas. A secretária nacional de Cuidados e Família, Laís Abramo, destacou que as mulheres mais pobres e negras sofrem ainda mais sobrecarga nesse sentido.
Laís Abramo, que coordena o grupo interministerial responsável pela elaboração do plano nacional de cuidados, ressaltou a necessidade de políticas públicas que considerem as desigualdades de classe, gênero, raça, idade e territórios. Ela afirmou que o objetivo central do plano é transformar a organização social dos cuidados no Brasil, que atualmente coloca sobre as mulheres a responsabilidade principal por essa provisão.
Durante o seminário, também foi discutido o envelhecimento da população, com previsões de que quase 23% dos brasileiros terão 60 anos ou mais em 2050. A deputada Maria do Rosário enfatizou a importância de profissionalizar cuidadores e garantir que os idosos permaneçam em seus ambientes familiares, destacando a necessidade de especialistas em gerontologia e geriatria na política de saúde da família.
Outro ponto abordado foi a sobrecarga de trabalho das mulheres, tanto com os cuidados com a família e a casa, quanto no mercado de trabalho remunerado. A pesquisadora do Ipea ressaltou as desvantagens enfrentadas pelas mulheres nesse contexto, enquanto a secretária Laís Abramo alertou para a limitação da participação feminina na vida pública devido ao cuidado não remunerado.
Por fim, foi destacado o papel da bancada feminina na criação do grupo de trabalho Política de Cuidado na Câmara, com o objetivo de formular políticas relacionadas ao tema. O seminário foi promovido pela Secretaria da Mulher, e contou com a presença e contribuição de diversas especialistas e autoridades no assunto.