Com base na estruturação do SUS a partir da Constituição de 1988, que reconheceu a saúde como um direito de todos e um dever do Estado, o Brasil deu passos significativos na construção de um sistema de saúde público único e universal. A expansão da infraestrutura e a contratação de milhares de profissionais permitiram um amplo acesso aos serviços de saúde em todo o país, atingindo a maioria da população brasileira.
Os indicadores de saúde apresentam melhorias substanciais, como a redução da mortalidade infantil e materna, a ampliação da cobertura vacinal, o fornecimento gratuito de medicamentos e o incremento de procedimentos de atenção à saúde. A resposta do SUS diante da pandemia de COVID-19 evidenciou sua robustez e capacidade de atendimento às demandas emergenciais.
No entanto, desafios persistem. A gestão do SUS enfrenta críticas quanto ao atendimento, financiamento e governança, o que pode gerar impactos negativos na imagem do sistema perante a população. A denúncia de más práticas e falhas no sistema de saúde, embora importante para a transparência, não pode ser o único enfoque no debate sobre a melhoria do SUS.
A questão da competição entre os setores público e privado de saúde também é um ponto sensível. A convivência desses dois sistemas gera desafios de coordenação, competição por recursos e percepções públicas equivocadas sobre a qualidade dos serviços prestados. A discussão acerca da redução da participação do setor privado e do fortalecimento do SUS como pilar central do sistema de saúde é essencial para garantir a efetividade e a equidade no acesso aos serviços.
Portanto, é fundamental um debate aprofundado sobre a superação dos desafios estruturais e de gestão do SUS, visando aprimorar a qualidade dos serviços prestados e fortalecer a confiança da população no sistema de saúde público brasileiro. A união em torno do direito à saúde e do aprimoramento do SUS é um caminho que requer esforço coletivo e engajamento social para garantir a sustentabilidade e a evolução do sistema ao longo do tempo.