Pescadores de Ubatuba perdem terras e ofícios com chegada de empresas e modernos barcos pesqueiros, mostra reportagem de 1974.

O Jornal da Tarde, em sua edição de 21 de janeiro de 1974, trouxe uma reportagem impactante sobre a situação dos pescadores e caiçaras da cidade de Ubatuba, no litoral Norte de São Paulo. A repórter Célia Romano abordou como a chegada da estrada asfaltada Rio-Santos e dos modernos barcos pesqueiros estavam afetando diretamente a vida e o sustento dessas comunidades.

Segundo a matéria, os pescadores artesanais estavam perdendo gradualmente o acesso ao mar e aos cardumes, devido à presença dos barcos pesqueiros modernos. A pesca da tainha, por exemplo, estava desaparecendo, e os pescadores se viam obrigados a mudar de profissão diante das mudanças trazidas pela modernização e pela pressão de grandes empresas e do turismo na região.

O sociólogo Antonio Carlos S. Diegues, autor da tese de doutorado “Pesca e Marginalização do Litoral de São Paulo”, foi citado na reportagem, trazendo dados preocupantes sobre a realidade dos pescadores em Ubatuba. Muitos deles viviam abaixo da linha da pobreza, com rendimentos insuficientes e condições de trabalho precárias.

A chegada dos barcos de pesca mais tecnologicamente avançados levou alguns caiçaras a abandonarem a pesca artesanal para trabalharem nessas embarcações. Outros tentaram se organizar em cooperativas para enfrentar as dificuldades, mas esbarraram na falta de apoio oficial e em empréstimos inacessíveis.

Apesar dos esforços de instituições como a Asel (Ação Social Estrela do Litoral) em ajudar os pescadores, a situação era desafiadora e muitos viam suas terras e tradições sendo perdidas. A busca por alternativas de subsistência se tornava cada vez mais urgente para essas comunidades que, diante das transformações socioeconômicas, enfrentavam um futuro incerto.

O Jornal da Tarde, com sua abordagem crítica e investigativa, levantou questões importantes sobre a preservação da cultura e dos meios de vida dos pescadores e caiçaras de Ubatuba, evidenciando a complexidade dos desafios enfrentados por essas comunidades frente às mudanças provocadas pela modernização e pela exploração econômica.

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