Mudança histórica na posição da Igreja Católica sobre suicídio: o testemunho do padre Lício Vale, vítima do tabu religioso.

O padre Lício Vale, de 66 anos, compartilhou em uma entrevista sua experiência pessoal com a mudança na posição da Igreja Católica Apostólica Romana em relação ao suicídio. Em um relato emocionante, Lício relembrou a morte de seu pai aos 43 anos por suicídio, e como na época a família não teve permissão para realizar os rituais funerários tradicionais devido à doutrina da igreja. A falta desses rituais causou profunda angústia em Lício, que na adolescência enfrentou a perspectiva de seu pai não ter a salvação eterna.

Desde então, Lício se tornou um padre e especialista em prevenção ao suicídio, buscando compreender e auxiliar aqueles que passam por situações semelhantes. Ele ressaltou como a Igreja Católica evoluiu em sua doutrina ao longo dos anos, permitindo agora que os rituais funerários sejam realizados para aqueles que cometeram suicídio. A mudança na abordagem da igreja reflete um diálogo mais aberto com a ciência e uma compreensão mais ampla das causas por trás do ato suicida.

Além de seu trabalho como padre, Lício dedica parte de seu tempo para ajudar na prevenção e posvenção do suicídio, acolhendo aqueles que precisam de apoio emocional. Ele destacou também a preocupação com a alta incidência de suicídios entre padres, chamando atenção para os desafios enfrentados por esses profissionais, como isolamento, cobranças excessivas e solidão.

A psicóloga Karen Scavacini, especialista em prevenção do suicídio, mencionou a importância de discutir abertamente o tema e os desafios impostos pela religião em alguns casos. Ela ressaltou como a religião pode ser tanto um fator de proteção quanto de risco em relação ao suicídio, principalmente quando associada a sentimentos de vergonha, culpa e falta de acolhimento.

Em meio a essas reflexões, é fundamental promover o diálogo e a conscientização sobre questões relacionadas ao suicídio, para que a sociedade possa oferecer um suporte adequado a quem necessita. A mudança na abordagem da Igreja Católica e a atuação de profissionais dedicados, como Lício e Karen, são passos importantes para garantir a saúde mental e o acolhimento daqueles que enfrentam crises suicidas.

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