Quilombo Kaonge: a força das mulheres marisqueiras em uma comunidade centenária na Bahia

**A perseverança das mulheres do quilombo Kaonge na Bahia**

A história do centenário quilombo Kaonge, localizado na cidade de Cachoeira, na Bahia, é marcada pela força e determinação das mulheres que compõem a comunidade. Lideradas por mulheres como Adriana Ferreira Viana, de 40 anos, as marisqueiras são as principais responsáveis pela economia do local, sustentando suas famílias através da produção de mariscos, ostras, mel, dendê e xarope de ervas medicinais.

A história de Maria Valdelice Mota Costa, de 98 anos, é um exemplo inspirador de superação. Nascida no Kaonge, ela foi submetida a um regime de exploração na casa de uma família em Salvador quando ainda era criança. No entanto, Maria decidiu retornar ao quilombo para dedicar-se ao trabalho de marisqueira, garantindo a sobrevivência de sua família.

Juvani Nery Viana, de 72 anos, também teve uma trajetória ligada à atividade de marisqueira. Ela foi responsável pela fundação da escola da comunidade, onde alfabetizou e educou os vizinhos desde a década de 1970. Juvani ressalta a importância do dendê, “uma herança da África”, para a sobrevivência da comunidade.

O trabalho árduo das mulheres do Kaonge envolve longos dias de catar e tratar os mariscos, resultando em uma média de 10 a 20 quilos de produção. Além disso, a produção de azeite de dendê também é uma atividade essencial, que demanda um processo complexo de extração.

Apesar das dificuldades enfrentadas pela comunidade ao longo das décadas, o Kaonge tem buscado formas de comercializar seus produtos não apenas entre os quilombos, mas também fora da região. A irmã de Juvani, Tupia Nery Viana, é responsável pela comercialização dos produtos em Salvador há mais de 20 anos, contribuindo para a geração de renda da comunidade.

Uma vez ao ano, o Kaonge realiza a “Festa da Ostra”, um evento que reúne diversas comunidades da região e movimenta a economia local. A festa é um importante momento de turismo e venda dos produtos das comunidades, estimando-se que cerca de R$ 70 mil circulem na economia local por ano.

A dedicação ao estudo e trabalho, aliada à força e resiliência das mulheres do quilombo Kaonge, é uma inspiração e demonstra a importância do fortalecimento das comunidades tradicionais e quilombolas no Brasil. É fundamental reconhecer e valorizar a contribuição dessas mulheres para a preservação de suas tradições e a sustentabilidade de suas comunidades.

A festa deste ano está prevista para as datas de 13, 14 e 15 de outubro, trazendo a esperança de um futuro próspero e sustentável para o centenário quilombo Kaonge.

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