Após um ano das chuvas, desabrigados enfrentam dificuldades em novos conjuntos habitacionais no litoral norte de São Paulo.

No último dia 8, Estela Araújo, 20 anos, estava preparando o macarrão instantâneo para o primeiro almoço em sua nova casa. A jovem acabava de se mudar para um dos 186 apartamentos cedidos pela CDHU (Companhia Estadual de Habitação) no sertão de Maresias, para pessoas desabrigadas pelas chuvas extremas que atingiram São Sebastião, no litoral norte paulista, há um ano.

Estela, que sobreviveu aos desmoronamentos que destruíram casas vizinhas em Juquehy, perdeu um primo de 22 anos, a esposa dele, que estava grávida, e a filha de 2 anos do casal. Além disso, ela também estava grávida da sua filha Ágata Sofia, hoje com 8 meses. A jovem relata que desde a tragédia tem sofrido com tremores, choro repentino e desmaios, sem receber atendimento do serviço público de saúde.

A jovem, que é faxineira, ficou sem renda devido à distância do trabalho em Juquehy e relata a dificuldade financeira em alimentar sua filha. Após a tragédia, o governo anunciou que as 704 casas destinadas às vítimas das chuvas seriam pagas conforme as regras de financiamento da CDHU, porém, diante da situação, desistiu da cobrança.

Outro morador do conjunto, Romeu dos Santos, 63 anos, também perdeu sua casa em Juquehy devido às chuvas, assim como sua renda, enquanto trabalhava informalmente na coleta de entulho da construção civil. Ele relata a dificuldade de recomeçar e lamenta a perda de sua história.

A prefeitura de São Sebastião afirma ter criado um programa emergencial de auxílio ao desemprego com 300 vagas aos atingidos, além de disponibilizar atendimento psicológico na unidade de saúde mais próxima à residência do morador. Nesta segunda-feira (19), o governo paulista entregará um conjunto habitacional na Baleia Verde com 518 unidades, o mais próximo da Vila Sahy, bairro que concentrou a maior parte das 64 mortes em São Sebastião devido às chuvas.

Apesar das dificuldades, os moradores enfrentam incertezas em relação à segurança das novas construções, feitas com tecnologia de paredes estruturais de madeira, e temem por suas vidas diante da possibilidade de novos desastres. O governo estadual e a construtora responsável pelas obras insistem que a estrutura é segura, mas os moradores ainda enfrentam dúvidas e receios em relação à sua segurança.

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