Escola de São Paulo adota pochete para trancar celulares de alunos durante aula em movimento anticelular

Uma escola particular de São Paulo adotou para este ano como material didático uma pochete que tranca o celular dos alunos no começo da primeira aula e o libera somente ao final da última. A medida, que será implementada na escola Alef Peretz, instalada dentro do clube judaico A Hebraica, no Jardim Paulistano, na zona oeste da capital, vem como mais uma tentativa de limitar o uso excessivo do aparelho ao aprendizado e à saúde mental de crianças e jovens.

Desenvolvida pela Yondr, uma empresa norte-americana, a pochete é parte integrante do movimento “phone-free” (livre de celular) que está ganhando força nos EUA e tem como objetivo criar áreas e momentos em que o celular não é utilizado, em busca de uma presença completa do público, sem distrações e com interação social presencial. Além disso, o sistema já está presente, segundo a empresa, em mais de 3.000 escolas, sendo 2.000 nos EUA e as demais em países na Europa.

O movimento por escolas livres de celular já provocou o lançamento do Movimento Escolas Livres de Celular nos Estados Unidos, cuja missão é garantir que todas as crianças e jovens possam desenvolver suas habilidades acadêmicas e socioemocionais “sem as distrações, pressões e prejuízos dos celulares e das redes sociais no período escolar”.

No Brasil, a Alef Peretz é a primeira a adotar a pochete da Yondr, com um custo de cerca de R$ 170 por aluno. Lina Brochmann, diretora de relacionamento, destaca que a iniciativa teve um forte apoio das famílias. Ela ressalta que com a crescente preocupação com o uso excessivo do celular, “os pais passaram a ficar muito angustiados porque não conseguem mais controlar o acesso dos filhos ao celular. Há casos de crianças utilizando o aparelho até 16 horas por dia.”

O presidente da Alef Peretz, Marcelo Davidovici, justifica a medida como forma de lidar com os problemas de foco, atenção e até de memória observados nos alunos nos últimos anos. “Uma outra questão séria é a que os algoritmos trazem para a sociabilidade de crianças e jovens”, pontua Davidovici. Ele defende que a decisão de trancar o celular com a pochete é uma forma de driblar o vício que os aparelhos criaram, e nega que o banimento do celular seja contraditório à educação midiática. Segundo ele, o controle do uso do celular e a conscientização sobre essas questões precisam acontecer simultaneamente. A educação midiática é parte do currículo da escola e visa preparar os alunos para um uso consciente da tecnologia.

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