Os últimos dados de inflação nos Estados Unidos surpreenderam o mercado e podem adiar as expectativas para o início do corte de juros. O índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,3% em janeiro em relação a dezembro, superando as estimativas dos analistas. Na comparação anual, o CPI subiu 3,1% em janeiro, desacelerando frente à alta de 3,3% de dezembro, mas ainda acima das expectativas.
Esses números, associados a um mercado de trabalho aquecido, empurraram as expectativas do mercado para o início do corte de juros nos Estados Unidos de maio para junho. O desempenho da inflação foi um balde de água fria nas Bolsas de Nova York, que tiveram quedas expressivas. O índice Dow Jones recuou 1,35%, o S&P 500 teve baixa de 1,37% e a Nasdaq registrou uma queda de 1,8%.
De acordo com a análise da plataforma CME Group, as chances de manutenção das taxas na próxima reunião do Fed, marcada para março, foram reforçadas e passaram a ser majoritárias também para o encontro de maio. As apostas para o primeiro corte nas taxas agora estão em junho, com uma probabilidade de 54,4% após o CPI de janeiro.
O índice de moradia continuou sendo o principal vilão em janeiro, subindo 0,6% e contribuindo com mais de dois terços da alta no mês. Alimentação também teve sua influência, enquanto energia atuou na contramão. Para a consultoria britânica Capital Economics, o desempenho do núcleo do CPI serve de combustível para a narrativa de que “a última milha é a mais difícil” no combate à inflação.
Diante desses números, o mercado está atento à possibilidade de adiamento do corte de juros nos EUA, o que pode ter impacto nas decisões de política monetária em outros países. A equipe de estrategistas do Morgan Stanley, em relatório a clientes, observou que a aceleração da inflação será um fator que atrasará a decisão do Fed, reforçando a expectativa de corte de taxas apenas em junho. Enquanto isso, o caminho para uma inflação de 2% ao ano – a meta do Fed – pode ter alguns obstáculos, como apontado pelo Wells Fargo.