Operação Escudo resulta em confrontos e morte de policial em Santos; especialista aponta riscos de estratégia.

Na manhã de quarta-feira (7), dois policiais foram baleados em Santos, no litoral paulista. Infelizmente, um dos agentes veio a óbito, enquanto o outro foi submetido a uma cirurgia. A Polícia Militar está investigando as circunstâncias do crime.

A região da Baixada Santista tem sido palco de uma série de confrontos desde a última sexta-feira (2), quando teve início uma nova fase da Operação Escudo. Lançada como resposta à morte do policial militar Samuel Wesley Cosmo em Santos, a ação militar já resultou em sete mortes entre sexta-feira e domingo (4).

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, sete ocorrências com confronto foram registradas ao longo dos três dias. Em uma dessas situações, na Vila dos Criadores, em Santos, três pessoas foram mortas. As outras mortes aconteceram em quatro confrontos em que houve relatos de trocas de tiros.

Para Rafael Rocha, coordenador do Instituto Sou da Paz, a estratégia do governo de buscar confrontos com criminosos está tornando a situação ainda mais crítica. Em entrevista à TV Brasil, ele ressaltou que a lógica do confronto só gera mais mortes, citando a Operação Escudo do ano passado, que resultou na morte de 28 pessoas em 40 dias.

Rocha aponta que essa abordagem não apenas tem aumentado o número de mortes de civis, mas também de policiais. Ele destaca que o número de policiais mortos em serviço quase dobrou, passando de seis em 2022 para 11 em 2023.

Além disso, as mortes causadas por ações da Polícia Militar no estado aumentaram 38% em 2023, passando de 256 em 2022 para 353. Na Baixada Santista, as mortes por ações da corporação mais do que dobraram, indo de 34 em 2022 para 72 em 2023.

O secretário de Segurança, Guilherme Derrite, tem publicado em suas redes sociais declarações sobre as operações na Baixada Santista. Ele enfatiza que as ações são necessárias para combater o crime organizado, mas Rocha ressalta que as operações são anunciadas como uma forma de vingança pela morte de policiais, incentivando um aumento na violência.

A Ouvidoria das Polícias de São Paulo também se manifestou contra uma resposta violenta aos crimes contra policiais, enfatizando que respostas acaloradas com tons de vingança não contribuem para aumentar a sensação de segurança.

Diante desse cenário, a busca por investimentos em inteligência e medidas para desfinanciar grupos criminosos surge como uma alternativa à estratégia de confronto adotada pelo governo estadual. No entanto, a busca por capitalizar politicamente com as ações policiais parece prevalecer, enquanto as mortes e confrontos continuam a crescer na região da Baixada Santista.

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