O líder indígena Paulo Marubo faleceu no último sábado (3) em Manaus, após enfrentar complicações causadas por hepatite. Marubo foi coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) por três vezes e foi um dos principais responsáveis pela estruturação da Equipe de Vigilância da Univaja (EVU), que buscava ampliar a segurança dos povos indígenas que habitam a Terra Indígena do Vale do Javari.
De acordo com o advogado Eliésio Marubo, tio de Paulo, o líder indígena já apresentava um quadro crítico, com rins e fígado comprometidos pela doença. Ele chegou a precisar de reposição de plaquetas e da retirada de líquidos da cavidade abdominal, sendo transferido para Tabatinga (AM) e, posteriormente, para Manaus, onde foi admitido no Hospital 28 de Agosto.
A situação de Paulo Marubo no hospital gerou críticas por parte de Eliésio Marubo, que apontou a precariedade no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a falta de segurança para garantir a integridade do líder indígena, que havia sido ameaçado de morte inúmeras vezes.
Paulo Marubo teve uma trajetória marcada pelo combate aos crimes que ameaçam a Terra Indígena do Vale do Javari, incluindo o tráfico de drogas, a pesca e a caça ilegais. Ele liderou as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, do The Guardian, e foi um dos principais responsáveis por criar condições para a preservação da floresta e das vidas indígenas na região amazônica.
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) reconheceu o legado deixado por Paulo Marubo, destacando sua contribuição para o modelo de atuação da Univaja e sua capacidade de enfrentar os desafios da região. A Agência Brasil procurou os ministérios dos Povos Indígenas e da Saúde, assim como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, mas ainda aguarda retorno sobre o posicionamento em relação ao falecimento de Paulo Marubo.
O legado deixado por Paulo Marubo como líder indígena e defensor dos povos da Amazônia é celebrado, enquanto a comunidade indígena e as organizações que atuam na região lamentam a perda de uma figura tão importante para a luta pelos direitos e pela preservação das terras indígenas na Amazônia.
