Repórter da Folha relata momentos impactantes ao fazer a cobertura do incêndio no edifício Joelma em 1974

Na sexta-feira, 1º de fevereiro de 1974, algo inesperado aguardava o repórter Nereu Leme ao chegar à sede da Folha, localizada no centro de São Paulo. O jornalista não imaginava que o dia seria tão movimentado e marcante como se revelou. Com 26 anos, recém-completados, Leme estava animado para celebrar seu aniversário durante o final de semana. Contudo, seu cotidiano foi profundamente alterado quando, por volta das 8h30, o chefe de reportagem Adilson Laranjeira o designou para cobrir um incêndio na praça da Bandeira.

Em um Fusca amarelo do jornal, Leme e a repórter Ivani Migliaccio dirigiram-se rapidamente até o edifício Joelma, onde se depararam com uma cena aterradora: um corpo acabara de cair bem próximo a eles, proveniente de um salto do alto do prédio em chamas. Aquela situação já era um prenúncio do que viria a ocorrer nas próximas horas.

Durante sua permanência no local, Leme testemunhou a queda de outras duas pessoas e a morte de 188 vítimas no total. A tragédia foi resultado de um curto-circuito no aparelho de ar-condicionado do 12º andar, desencadeando um incêndio devastador.

Com a chegada dos colegas de redação, Leme coordenou a distribuição das tarefas e se manteve focado em relatar os desdobramentos do incêndio, incluindo a atuação dos bombeiros e a reação das pessoas próximas ao edifício.

Por outro lado, colegas como Edgard Alves e Paulo Markun desempenharam outras funções, comunicando-se por telefone com a redação para consolidar as informações. O desafio de controlar as emoções foi uma constante para os jornalistas, que tiveram que lidar com a angústia de um desastre de tal magnitude.

Como resultado desse esforço coletivo, a Folha lançou uma edição extra que esgotou rapidamente nas bancas. No dia seguinte, uma edição histórica de 15 páginas abordou diversos aspectos do incêndio, desde a atuação dos bombeiros até o aumento das doações de sangue para auxiliar os sobreviventes. Uma foto impactante na capa retratava corpos estendidos na rua, evidenciando a gravidade da tragédia. A decisão de publicar essa imagem causou debate entre a cúpula do jornal, mas a relevância dos fatos justificou o destaque dado.

A cobertura jornalística do incêndio do edifício Joelma mostrou o comprometimento dos profissionais da Folha em relatar a realidade e contribuir para uma reflexão sobre a segurança e as medidas preventivas necessárias. A atuação desses jornalistas revela o papel fundamental da imprensa em momentos de crise e desastres, destacando a importância do jornalismo como ferramenta de informação e conscientização.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo