De acordo com estudos, as microfibras são provenientes de diversas fontes, como as pontas de cigarro, cordas, redes de pesca e, especialmente, dos tecidos sintéticos, que liberam constantemente essas partículas. Durante a lavagem, uma única máquina pode liberar milhões de microfibras, sendo influenciada por fatores como o tipo de tecido, a temperatura da água, o detergente e a duração do ciclo de lavagem.
Isso se torna um grande problema, pois as microfibras que são liberadas durante a lavagem entram no sistema de esgoto e acabam chegando aos rios, lagos e mares. Além disso, essas partículas podem ser consumidas por peixes e outros animais aquáticos, afetando sua bioquímica, fisiologia, reprodução, desenvolvimento e comportamento.
Além disso, as microfibras dos tecidos contêm aditivos químicos prejudiciais para a saúde humana e animal, como ftalatos e bisfenol A, além de outros compostos tóxicos.
Diante desse cenário preocupante, pesquisadores e fabricantes estão buscando alternativas para reduzir a liberação de microfibras durante a lavagem das roupas. Uma das soluções é desenvolver tecidos com fibras mais longas e revestimentos para reduzir sua liberação.
Além disso, existem produtos como sacos de lavagem tecidos com monofilamentos, que capturam as microfibras liberadas pelos tecidos, e filtros externos que podem ser encaixados nas máquinas de lavar existentes.
A exigência de filtros nas máquinas de lavar roupas tem sido considerada por alguns países, como a França e a Austrália, como uma forma de reduzir significativamente a liberação de microfibras. No entanto, essa medida ainda enfrenta resistência em alguns locais, devido ao custo para os consumidores.
Apesar das alternativas em desenvolvimento, os filtros permanecem como a forma mais eficaz de combater o problema das microfibras. Ainda assim, a solução definitiva seria reformular os tecidos para que não soltem fibras, mas isso demandará tempo e investimento.
Portanto, é necessário um esforço conjunto de pesquisadores, fabricantes e órgãos reguladores para enfrentar esse desafio e reduzir os impactos das microfibras no meio ambiente e na saúde humana. A implementação de medidas sustentáveis e a conscientização sobre o problema são fundamentais para mitigar esse problema.
Por Judith Weis, professora emérita de ciências biológicas da Universidade Rutgers, em Newark, nos Estados Unidos.