Além disso, entre os 2.076 baleados no Grande Recife, 113 foram atingidos por policiais. Isso representa cerca de 5% do total de baleados na região. Comparado com os números de 2022, o número de baleados em ações da polícia na região aumentou em 66%. Outro dado preocupante é que a polícia esteve envolvida em quatro das 11 chacinas que ocorreram na região metropolitana.
A análise do Instituto Fogo Cruzado também incluiu dados de violência armada nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de Salvador. No Grande Rio, o total de tiroteios e mortos diminuiu de 2022 para 2023. No entanto, a participação da polícia em tiroteios manteve-se relativamente estável de um ano para outro.
Já na região metropolitana de Salvador, a polícia participou de 37% dos 1.804 tiroteios registrados. Dos 1.783 baleados, 639 foram atingidos durante operações policiais. Além disso, 33 chacinas envolveram a polícia baiana, deixando 136 mortos.
Segundo Maria Isabel Couto, diretora de dados e transparência do Instituto Fogo Cruzado, os dados refletem a realidade dos grandes centros brasileiros e mostram o descontrole da violência armada nos três estados analisados.
Diante desse cenário, a reportagem da Agência Brasil entrou em contato com as Secretarias de Defesa Social de Pernambuco, da Segurança Pública da Bahia, da Polícia Civil do Rio e a Polícia Militar fluminense, buscando suas posições a respeito do levantamento. Até o momento do fechamento da reportagem, apenas a Secretaria de Segurança Pública da Bahia se manifestou, ressaltando a queda de 6% nas mortes violentas no estado, além da apreensão recorde de armas de fogo.
Os dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado alertam para a crescente participação da polícia em confrontos armados, o que levanta questões sobre a abordagem das forças de segurança e a necessidade de políticas efetivas para o combate à violência armada.