Ataque a indígenas avá-guarani no Paraná mobiliza Força Nacional e denúncias de envolvimento de fazendeiros.

Na noite desta quarta-feira (10), indígenas do povo avá-guarani foram alvo de mais um ataque no município de Guaíra, no oeste do estado do Paraná. Três indígenas foram alvejados e estão hospitalizados, em mais um capítulo de um longo histórico de violência contra essa comunidade.

De acordo com denúncias recebidas pelo Ministério dos Povos Indígenas, a suspeita é de que a ação tenha sido organizada por fazendeiros. As autoridades estão investigando o caso e a Força Nacional de Segurança Pública foi autorizada a atuar na região, após pedido feito em dezembro pelo próprio Ministério dos Povos Indígenas, logo após um ataque anterior à mesma comunidade.

O conflito envolve a área da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, que está em processo de regularização fundiária, sendo alvo de disputas entre indígenas e fazendeiros. Nos dias 23 e 24 de dezembro, as aldeias Y’hovy e Yvyju Avary foram atacadas com emprego de milícia rural privada, segundo informações do governo federal.

A CGY (Comissão Guarani Yvyrupá), organização que congrega as aldeias do povo guarani no Sul e Sudeste do país, divulgou um vídeo em suas redes sociais mostrando uma pessoa ferida, que se acredita ser um dos indígenas atingidos no ataque. A CGY denunciou que a Polícia Federal demorou a chegar no local e não prestou assistência aos indígenas. A PF de Guaíra ficará responsável pela investigação do episódio.

A situação é ainda mais delicada devido ao impasse na demarcação do território do povo avá-guarani. Embora a delimitação já tenha sido realizada, a comunidade aguarda a portaria declaratória. Em 2020, o processo sofreu um recuo devido a uma portaria da Funai que, na prática, anulava o trabalho que havia sido feito até então. A portaria foi suspensa pela Funai em abril deste ano, na gestão de Joenia Wapichana, no governo de Lula.

É urgente que as instituições atuem para assegurar a vida e a integridade das comunidades avá guarani na região e busquem meios para conter a onda de violência. Esses atos de violência são uma das consequências da falta de demarcação dos territórios do povo ava-guarani no oeste do Paraná, conforme alerta a CGY. A situação exige atenção e medidas por parte das autoridades para proteger a comunidade indígena e garantir a segurança e a paz na região.

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