Casal é indiciado por latrocínio, estupro e ocultação de cadáver de artista venezuelana no Amazonas

A Polícia Civil do Amazonas indiciou Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelo assassinato da artista venezuelana Julieta Ines Hernandez Martinez. Ambos responderão por ocultação de cadáver, latrocínio e estupro. Juliana estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro do ano passado e seu corpo foi encontrado no último sábado (6), no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas.

Segundo informações da Polícia Civil, a investigação teve início após o registro de um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento de Julieta, na última quinta-feira (4). De acordo com o boletim, o último contato da vítima com a família teria sido na madrugada do dia 23 de dezembro, quando ela teria informado que iria passar a noite em Presidente Figueiredo e depois seguiria para Rorainópolis, em Roraima.

Durante uma entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (8), o delegado titular da 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, Valdinei Silva, explicou que, diante do trajeto informado pela vítima, foram realizadas buscas em pousadas da região para obter informações sobre o paradeiro de Juliana.

Ainda de acordo com Valdinei Silva, na manhã de sexta-feira (5), Thiago Agles da Silva foi localizado em um refúgio na região e afirmou que a vítima havia pernoitado no local e seguido em direção à rodovia. No mesmo dia, partes da bicicleta da artista foram encontradas por um morador local, que acionou a polícia. Após a chegada das autoridades, Thiago tentou fugir, mas acabou sendo capturado, juntamente com sua companheira. Durante os depoimentos, o casal entrou em contradições até confirmarem a autoria do crime.

Conforme o relato do delegado, a vítima estava dormindo em uma rede na varanda do refúgio, quando Thiago a abordou para roubar seu aparelho celular. Durante uma luta corporal, ele a enforcou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amarrasse os pés dela. Em seguida, ele a arrastou para dentro da casa e abusou sexualmente da vítima. Após presenciar a cena, Deliomara jogou álcool nos dois e ateou fogo. Thiago conseguiu apagar as chamas e foi até uma unidade hospitalar para receber atendimento médico.

A artista foi enforcada com uma corda e teve seu corpo enterrado em uma cova rasa nas proximidades do local onde estava. O casal foi preso em flagrante na última sexta-feira (5) e teve a prisão convertida para preventiva pela Justiça do Amazonas no sábado (6). Com o auxílio do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, o corpo de Julieta foi encontrado em uma cova no quintal do refúgio, além de outros pertences.

A morte da artista venezuelana causou comoção em diversas entidades artísticas e movimentos sociais. Julieta estava no Brasil desde 2015, onde se apresentava como palhaça Jujuba em várias partes do país e integrava o grupo de mulheres Pé Vermei que viajam de bicicleta.

Manifestações estão previstas para ocorrer no Brasil, nesta sexta-feira (12), mesmo dia em que o velório acontece na cidade de Porto Ordaz, no sul da Venezuela, para onde a palhaça se dirigia para reencontrar a mãe. Por meio de nota, o ministro do Poder Popular para a Cultura da Venezuela, Ernesto Villegas, repudiou o crime e pediu punição exemplar para os criminosos. A nota também enaltece a colaboração do governo brasileiro na repatriação dos restos mortais e na atenção à família da vítima.

A Venezuela lamentou a perda de Julieta, que era vista como uma embaixadora da paz na América Latina. O governo venezuelano e a comunidade artística do país agradeceram ao povo brasileiro e suas lideranças sociais pelas manifestações em apoio à vítima desde seu desaparecimento.

O crime chocou a sociedade amazonense e brasileira, levantando debates sobre segurança pública e violência contra mulheres, além de reforçar a importância da colaboração internacional em casos desse tipo. O julgamento dos acusados será acompanhado de perto por diversos setores sociais e o desfecho do caso é aguardado com grande expectativa.

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