Comunidade quilombola da Ilha da Marambaia no Rio de Janeiro ainda aguarda por melhorias em serviços públicos após visita de Lula.

Comunidade quilombola da Ilha da Marambaia espera por melhorias

Após a titulação, a comunidade quilombola da Ilha da Marambaia, localizada em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, ainda aguarda por melhorias nos serviços públicos, como educação, saúde e transporte. Mesmo após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as demandas locais ainda não foram totalmente atendidas. Além disso, a comunidade enfrenta diretamente os efeitos da crise climática, com o avanço do mar em direção à orla, aumentando o risco de alagamento das casas.

Durante a visita do ex-presidente Lula, a presidente da Associação da Comunidade dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia, Jaqueline Alves, entregou-lhe uma carta com a trajetória da comunidade e suas principais demandas. Entre elas está a oferta do ensino médio na ilha, que atualmente atende apenas até o ensino fundamental. Além disso, a comunidade solicita melhorias no transporte, que é insuficiente e caro, e na saúde, bem como melhores condições de trabalho e renda.

A comunidade, que abriga 210 famílias e cerca de 440 moradores, tem na pesca a sua principal atividade econômica. O título de posse da terra da comunidade da Marambaia só foi concedido em 2015, após 13 anos da ação civil pública que pediu o reconhecimento da comunidade. Durante o período de espera pelo reconhecimento, a comunidade enfrentou ações de reintegração de posse movidas pela União.

A presidente da associação dos remanescentes de quilombo ressalta que o término das disputas na justiça em 2014 não significou o fim dos problemas. A comunidade ainda luta pela implementação de políticas públicas no território, melhoria dos serviços de saúde, educação e condições econômicas.

Além das demandas por serviços públicos, a comunidade também lida com as mudanças climáticas, enfrentando os efeitos do avanço do mar em direção à orla. A presidente Jaqueline Alves ressalta a importância do diálogo com a União e outros órgãos para garantir os direitos da população local.

O secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana Povos de Terreiros e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial, Ronaldo dos Santos, destaca que o problema do acesso a políticas públicas não se restringe apenas ao quilombo de Marambaia.

O governo federal lançou a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PNGTAQ) em 2023, com o objetivo de oferecer subsídios para que as comunidades possam ter acesso a políticas públicas e tracem os próprios planos de desenvolvimento. A implementação da política começou de forma piloto em uma comunidade em Alcântara (MA), e a pasta ainda busca recursos para beneficiar outras comunidades.

A comunidade quilombola da Ilha da Marambaia exemplifica a importância do reconhecimento e financiamento do processo de desenvolvimento das comunidades e sua contribuição para a conservação ambiental e justiça climática. A luta pela garantia de direitos e melhores condições de vida continua, não apenas para essa comunidade, mas para todas as comunidades tradicionais do país.

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